Publicado em 04/10/2015

O Centro Cultural da Justiça Federal recebeu na tarde de ontem (sábado, 03) um elucidativo debate sobre o filme Beira-Mar, longa-metragem que teve sua estreia no Festival de Berlim deste ano. A obra, que acompanha um fim de semana de experiências e amadurecimento na vida dos amigos Martin e Tomaz, teve grande parte do seu processo de criação comentado pela equipe técnica.

Sergio Mota, professor de Comunicação Social da PUC-Rio que mediou o debate, iniciou a conversa discorrendo sobre a dificuldade de classificar Beira-Mar em uma categoria específica, uma vez que o longa-metragem transborda o rótulo de filme sobre descobertas sexuais juvenis, por exemplo. Além disso, Mota elogiou a representação do percurso emocional dos personagens, uma espécie de rito de passagem em direção à maturidade.

O diretor Felipe Matzembacher aproveitou o gancho e abordou a relação do personagem principal com a família, explicando que ele e seu companheiro de direção, Marcio Reolon, têm certa predileção pelo tema. A afirmação foi confirmada por Reolon, que acrescentou o fato de que eles tiveram o cuidado de fazer o filme enquanto ainda tinham idades próximas às dos personagens centrais, para que pudessem dialogar diretamente com a geração de hoje e conseguissem retratar tal juventude com fidelidade.

Os atores Mateus Almada e Mauricio José Barcellos comentaram um pouco sobre a experiência deste que é o primeiro longa-metragem de ambos. Particularidades notáveis, como os sete meses que passaram ensaiando ou o fato de o filme ter sido rodado em ordem cronológica, foram reveladas durante o bate-papo.

O desenhista de som, Tiago Bello, comentou sobre as peculiaridades do seu trabalho no projeto. Ele explicou que quando assumiu a função o filme já havia sido filmado e um de seus maiores obstáculos foi criar o ruído do mar, mas um sentimento de nostalgia advindo de memórias afetivas de infância o ajudou bastante na tarefa. Bello elogiou o trabalho autoral dos diretores, explicitando a dificuldade de fazer um longa-metragem no Brasil, no que recebeu rápido apoio por parte do montador da película, Germano de Oliveira.

Finalizando o debate, a nova cena do cinema gaúcho foi comentada e enaltecida, com destaque para o filme Castanha, de Davi Pretto, que no ano passado foi o vencedor da Mostra Novos Rumos, em que Beira-Mar concorre este ano.

Texto: Pedro Alves

Fotos: Carolina la Cerda




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