Publicado em 09/10/2015

O primeiro Cine Encontro desta sexta-feira, 9 de outubro, no Odeon, foi sobre Marias, de Joana Mariani. Através de uma jornada pela América Latina e por suas festas populares religiosas, o documentário vai em busca de diferentes representações da figura de Maria nos depoimentos de pessoas comuns.

Perguntada por Patrícia Rebello, jornalista que mediava a conversa, sobre sua relação com a religião, a diretora foi enfática: "Não tenho religião, acredito que isso não está ligado à fé, fé é outra coisa. Fé eu tenho, e acho que mais ainda agora, depois deste filme. Mas este filme é sobre o feminino. Eu comecei fazendo sobre fé e depois entendi que ele era sobre o feminino".

Mariani revelou que, desde que o processo de produção começou, em 2009, visitou vários países e entrevistou mais de cento e cinquenta "Marias", e que levou um ano e meio até conseguir a edição final. "A gente montava, parava, mostrava, montava, parava... não estava dando certo. Aí eu chamei a Letícia para ir na minha casa ver o material. Ela relutou, disse que ia voltar para os Estados Unidos, mas um mês depois me ligou, falou que estava no Brasil e que ia tentar".

A montadora Letícia Giffoni, que assina também a codireção, contou que a edição do longa-metragem foi paciente: "A primeira coisa que eu fiz foi assistir ao material bruto inteiro, todos os minutos. Levou uma semana, mas foi maravilhoso para descobrir o filme, encontrar as pérolas, ver o que ele ia ser".

Rebello apontou a delicadeza como grande qualidade da obra, que utiliza a câmera, os enquadramentos, as distâncias e os discursos de maneira respeitosa e cuidadosa, como se cada plano tivesse sido muito bem pensado e executado. Ressaltou também a beleza do som, com superposições e cacofonias. Giffoni concordou: "Foi emocionante para a gente ver aqui, porque as vozes se espalharam por todo o cinema".

O público da conversa contou com a presença de um grupo de alunos do terceiro ano do Ensino Médio e sua professora, que aproveitou a oportunidade e observou que muitos dos estudantes, em época de vestibular, se interessam bastante pela área de cinema e gostariam de entendê-la um pouco mais. O papo então seguiu produtivo, com dicas e explicações sobre as maneiras de se fazer documentário, o mercado de trabalho e as especializações e estudos possíveis.

Da plateia também vieram contribuições emocionadas e pedidos de uma continuação para Marias. A realizadora concluiu: "Isso não tem fim. O documentário pode dar conta de muita coisa e a religião é um tema muito amplo, você pode ir para todos os lugares".

Texto: Juliana Shimada

Foto: Carolina la Cerda



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