Publicado em 30/09/2013

Documentário que dá voz a mulheres de detentos é discutido no Cine Encontro

Cativas – presas pelo coração foi o documentário debatido no Cine Encontro desta segunda-feira (30), em mesa mediada pelo crítico de cinema Carlos Alberto Mattos, que iniciou os trabalhos declarando a emoção que o filme lhe evoca. “É a quarta vez que vejo e a quarta vez que choro”, afirmou Mattos, que lembrou ainda que a obra revela um aspecto pouco documentado do sistema penitenciário nacional.

Tanto o mediador quanto a diretora, Joana Nin, sublinharam que o filme, que retrata o cotidiano de mulheres que mantêm relacionamentos amorosos com presidiários, surgiu como um desdobramento do curta-metragem Visita íntima, lançado por Nin em 2005. A realizadora falou sobre o estigma social que essas relações enfrentam e explicou que sua longa experiência como repórter foi um fator determinante para a boa condução das entrevistas.

A montadora, Jordana Berg, comentou o longo processo de edição, e enfatizou a escolha de não abordar os crimes pelos quais os companheiros dessas personagens estavam cumprindo suas penas. Já o produtor de finalização, Ade Muri, ressaltou as dificuldades técnicas implicadas na filmagem no ambiente de uma prisão, que levaram a equipe a precisar lidar com as variações reais da luz do local e os problemas associados à captação do som.

Joana Nin falou sobre a importância da correspondência para os amores que compõem a narrativa, e mostrou uma impressão de doze metros com colagens das cartas trocadas entre os casais, repletas de adornos e declarações de amor. A diretora expressou também sua vontade de editar um livro que registrasse todo o projeto que deu origem aos dois filmes, que levou doze anos. Arrematou dizendo que um filme, mesmo um documentário, sempre expressa muitas das questões pessoais daquele que o dirige. “Eu não tenho medo de me expor”, colocou.  

Texto: Maria Caú

Foto: Viviane Laprovita




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