Publicado em 07/10/2013

O Centro Cultural da Justiça Federal recebeu na tarde de domingo (06) um emocionado debate sobre Rio cigano, de Julia Zakia. A produção, que conta a história de Kaia e Reka, duas meninas ciganas que se separam na infância e são criadas em mundos diferentes, foi muito elogiada pela plateia por mergulhar no universo desse povo nômade de forma natural e longe de clichês.

Flávia Cândida, curadora do Festival do Rio que mediou o encontro, começou mencionando outros trabalhos de Zakia com os ciganos, como Tarabatara, Pedra bruta e Santa Sara, e perguntou-lhe sobre as origens do interesse no assunto. A diretora explicou que cresceu vendo-os passar por sua cidade, Campinas, e que, quando pequena, sentia vontade de brincar com aquelas outras crianças, que lhe pareciam livres e felizes.

Guile Martins, responsável pelo som direto, ressaltou a convivência com os ciganos em seus acampamentos durante o processo de realização, que transbordou para as relações pessoais de amizade e foi imprescindível para a construção de uma narrativa completamente envolvida na cultura em questão.

Em meio ao público havia diversos ciganos, que com suas impressões e experiências muito contribuíram para a animada conversa. Todos expressaram orgulho pelo fato de o filme falar de seu povo, e destacaram a importância que a realização tem na formação de uma imagem mais fiel à realidade dos ciganos: “Essa iniciativa quebra vários dogmas, vários preconceitos sobre nossa cultura”, disse uma pessoa da plateia. Outra ressaltou o fato de a obra tê-la despertado memórias antigas: “Eu fui cigana tropeira. Eu vi minha infância ali. Andar de burro, expulsarem a gente, beber água na poça... até isso eu já fiz, como as personagens”. Muitos apontaram a necessidade de levar Rio cigano para seus acampamentos e fazê-lo circular. Zaika comentou que está no início da busca por distribuição, mas sublinhou: “Eu quero que ele vá para os festivais, seja distribuído, exibido, mas minha maior vontade é conseguir fazer com que ele seja exibido no maior número de acampamentos possível”.

Texto: Juliana Shimada

Fotos: Txai Costa




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