Publicado em 17/09/2016

Ela fez história na Rio 2016: Lea T., a primeira trans a participar oficialmente da abertura dos Jogos Olímpicos, desfilando à frente dos 465 integrantes da delegação brasileira, fez bater mais forte o coração da gigantesca plateia do Maracanã lotado e surpreendeu os bilhões de espectadores da festa transmitida via TV.

Mas nada disto levou Leandra Medeiros Cerezo, conhecida apenas por Lea T., a perder a calma. Aos 35 anos, a filha do jogador Toninho Cerezo, craque da seleção brasileira da década de 1980, está habituada aos holofotes. É musa de marcas famosas como Givenchy, Benetton e Redken, modelo de revistas internacionais e acaba de ser eleita pela Forbes uma das mulheres mais ponderosas da moda italiana, ícone de tendências ao lado de Miuccia Prada.

Em outubro, ela vem ao Festival do Rio 2016 receber o Prêmio Félix Especial Suzy Capó, a grande homenagem feita à personalidade de maior destaque em nome da causa LGBT. Ela vai receber o prêmio das mãos de Tino Monetti. O prêmio leva o nome de Suzy Capó, jornalista e produtora cultural morta em 2015, militante histórica da luta contra o preconceito e a discriminação de orientação sexual e de gêneros. Lea T. vem iluminar o debate sobre transfobia no festival, uma causa urgente num país campeão em ataques à comunidade LGBT.

Lea T, que já foi entrevistada duas vezes por Oprah Winfrey, acredita que a moda e o cinema podem combater o preconceito e a violência. E mesmo sendo top model no circuito internacional, tendo crescido entre o Brasil e a Itália, onde seu pai foi várias vezes campeão da Copa Itália pelo Roma e pelo Sampdoria, Lea T não esquece as incontáveis vezes que recebeu um não por ser trans. Recentemente, ela deu um depoimento comovente para a Vice, em conversa com Tino Moretti:

 _ Tenho muito mais dificuldade do que outras modelos. Se eu fosse uma modelo qualquer que tivesse feito um terço do que já fiz, estava rica. E eu não sou rica. É um perrengue constante. Sabe quantos “não” eu ouvi por ser trans? Escuto quase diariamente. De 20 trabalhos para os quais faço teste, pego 2 e as outras rejeições não são porque sou feia ou não tenho talento; são porque sou trans. E me falam isso na cara dura. Dizem: “Não sei se queremos levanter essa causa”. Ou então: “Não sei se a nossa empresa quer levar esse tema ao debate”. E é ainda mais dif



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