Publicado em 10/10/2017

O segundo filme debatido no BNDES nesta segunda-feira (9) foi o documentário Callado, de Emília Silveira, que conta a história do jornalista e escritor Antônio Callado, que comemoraria seu centenário em 2017. Para a autora, Callado é “um personagem de resistência, mas ao mesmo tempo suave”.

Emília contou sobre a angústia de escolher o que entraria no filme, “um diretor de documentário não pode ser uma pessoa boa, não pode ter pena de nada, tem que jogar coisa fora”, disse. Ela também ressaltou a dificuldade de gostar do personagem e ao mesmo tempo não poder livrá-lo de si mesmo, “ao mesmo tempo que você se apaixona por um personagem, você precisar mostrar ele na tela como ele é”, afirmou.

Apesar dos três anos de processo até o lançamento do filme, ela acredita não saber exatamente quem é seu protagonista. Para ela, ele é uma pessoa difícil de descrever e decifrar, por isso optou por fazer um recorte e focar no papel de Callado como escritor, “para mim o verdadeiro Callado era o Callado da literatura. O Callado da vida real era um personagem que ele tinha inventado para ele mesmo tratar socialmente e sobreviver nesse mundo objetivo”, colocou.

Sobre o nome do filme, a diretora explicou a escolha por somente “Callado”, afirmando que acharia pretensioso colocar qualquer subtítulo, “eu estaria dizendo o que eu acho que o Callado é, e não dá para saber o que ele é”, e continuou, “eu fiz esse filme porque eu queria falar de um grande brasileiro. Eu acho que o Callado merece”.

O debate terminou com o filósofo Eduardo Jardim arrematando: “Viva Antônio Callado! ”, seguido de longas palmas da plateia. Também estavam presentes na mesa Ana Arruda Callado, escritora, professora e viúva de Antônio Callado, o roteirista Miguel Paiva, o montador Vinicius Nascimento e a produtora executiva Rosane Hatab.

Texto de Milena Terra




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