Publicado em 14/12/2019

Mangueira em 2 tempos abriu os debates desta sexta-feira (13/12/19) no Cinema Odeon. Para o mediador da mesa Moacyr Barreto, o filme mostra de forma sensível detalhes do dia-a-dia do Morro da Mangueira que podem passar despercebidos mesmo por quem vive essa realidade.

Segundo a diretora Ana Maria Magalhães, a ideia do documentário foi de Mestre Wesley, que queria continuar o que começou a ser gravado no início dos anos 90 – imagens sobre a Mangueira do Amanhã, presentes no filme. Quando o pedido foi feito por Wesley, ainda com 19 anos, Ana Maria optou por esperar um pouco mais para que pudessem coletar mais histórias. 

Considera essa decisão a melhor que poderia ter tomado: para a diretora, Mangueira em 2 tempos fora lançado no momento certo, em que o Brasil precisa entender e assumir sua cultura, e não guerrear contra ela. Mestre Wesley compartilhou que o filme é repleto de verdades e concordou com o tempo preciso para seu lançamento – sobretudo por registrar a vitória da escola no Carnaval de 2019, quando Wesley, liderando a bateria da Estação Primeira, alcançou todas as notas máximas no quesito. Para Erika (outra personagem do documentário), foi fácil participar de um filme em que todas as pessoas falavam sobre suas próprias vidas.

A respeito da fotografia de Mangueira em 2 tempos – gravado em plena Marquês de Sapucaí – o diretor de fotografia Jacques Cheuiche revelou que apesar de haver dificuldade em filmar a escola de samba, os integrantes da bateria adoram as câmeras. Para Toinho Schwartz – que possibilitou que as gravações fossem realizadas na Avenida – este é o melhor filme sobre o Carnaval. 

Da plateia, surgiu o depoimento de uma moradora do Morro da Mangueira, grata pelo filme. Para ela, o documentário mostra com fidelidade o quanto a Mangueira não pode ser resumida à escola de samba, como também é espaço de ensino sobre a vida e a cultura. Outra espectadora dividiu sua emoção em assistir a uma narrativa tão leve em um momento tão turbulento no país. Ana Maria disse que os personagens são o povo brasileiro: assim, a diretora fez questão de retratar no longa diversos símbolos do Brasil, como o hino e a bandeira. 

Moacyr encerrou o debate citando dois sambas da escola: se o enredo de 2019 aborda “a história que a história não conta”, Mangueira em 2 tempos narra aquela de pessoas feitas de carne e osso. Assim como canta o samba de 2020, o filme mostra que “a esperança brilha mais na escuridão”.

Por: Marina Martins

Foto: Mariana Franco




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