Publicado em 30/09/2014

O universo do circo foi destaque no Cine Encontro desta terça-feira, 30 de setembro, na Sede do Festival, com mesa em torno do filme Sangue azul, de Lírio Ferreira, primeiro longa-metragem inteiramente rodado em Fernando de Noronha.

O debate foi mediado por Francisco Russo, editor do site AdoroCinema, que apontou que o filme explora uma imagem não usual de Noronha, uma face menos turística da região. O diretor confirmou essa intenção, revelando que a ilha imprime uma grande carga dramática ao filme por conta de suas características vulcânicas e de seu isolamento. “Era um desafio grande mostrar a beleza da ilha sem ofuscar a narrativa”, ponderou. 

Ferreira expressou também seu desejo de retratar a convergência entre duas ilhas, Noronha e o circo, como “ilha que se move”, sublinhando a importância de rodar o filme naquele ambiente, já que o clima da localidade tem influência no processo das filmagens. Sobre as dificuldades logísticas enfrentadas devido à escolha das locações, o produtor Renato Ciasca brincou: “A ilha tem habilidades para o turismo, ninguém mandou a gente ir filmar lá. A culpa é nossa”, disse. Ciasca sublinhou ainda a importância da longa fase de preparação para a viabilização das filmagens em um lugar tão custoso.

Os membros presentes do elenco também falaram sobre o valor da vivência de cerca de cinco semanas na ilha para a composição dos personagens. “Influenciou totalmente a nossa atuação ter a visão e a calma de quem mora lá”, declarou a atriz Sandra Corveloni, vencedora do prêmio de melhor atriz em Cannes em 2008 pelo filme Linha de passe. Nessa mesma direção, a atriz cubana Laura Ramos completou: “Foi uma experiência muita linda e forte”. “A preparação parte disso, de você se misturar com as pessoas do lugar”, completou Daniel de Oliveira, protagonista da trama.

Com relação à imersão no universo do circo, Oliveira contou que se matriculou em uma aula de acrobacias para começar a se ambientar nesse novo território. Elenco e equipe manifestaram ainda seu apreço pelos profissionais circenses que participaram da produção, dando realidade ao filme e contribuindo de maneira essencial para o resultado final. A esse respeito, Ciasca foi contundente: “O circo está vivo”, atestou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Luiza Andrade




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