Publicado em 03/10/2015

O Cine Encontro 2015 não podia começar de maneira mais inspiradora. O primeiro debate desse sábado girou em torno de Betinho - A esperança equilibrista, que concorre na mostra Première Brasil e encheu a sala do Odeon com uma plateia interessada e comovida.

Daniel de Souza, produtor e filho do retratado, abriu a conversa ressaltando a importância de contar às novas gerações sobre a trajetória do pai, grande nome na luta pelos direitos humanos e contra a ditadura no país, criador do IBASE e responsável por campanhas como a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

Souza e a produtora Angela Zoé explicaram que a ideia do filme surgiu quando se depararam com a necessidade de comemorar os oitenta anos de Betinho, e que depois perceberam que a obra ia além disso, em direção a outras missões, de luta e conscientização. Zoé lembrou ainda que o apoio dos patrocinadores durante a produção foi grande, e que a equipe fez um trabalho de muita garra em pouco tempo. “É uma coisa bem Betinho, que dizia que quem tem fome tem pressa. Quem tem filme também tem pressa.”

O diretor executivo da Anistia Internacional, Átila Roque, que é personagem do documentário, disse que ao assisti-lo sentiu uma enorme alegria, e que Betinho inspira vontade de viver de forma plena e intensa: “Ele tinha habilidade de acolher a todos, e o poder de despertar na pior das pessoas o melhor que ela tinha. Era um sentimento profundo de solidariedade”.

Questionado por um jovem da plateia sobre os problemas sociopolíticos da atualidade e as possíveis medidas e atitudes que poderiam ser tomadas, o diretor Victor Lopes foi enfático: “A democracia é um exercício constante. O Betinho é uma figura especial e insubstituível, mas a juventude de hoje precisa ver na democracia um processo contínuo. A gente não precisa delegar tarefas ou esperar por heróis, mas sim fazer a nossa parte. E só de você falar do filme dessa maneira já quer dizer que ele está funcionando, atingindo a sua consciência. É o encontro, eu gosto quando o filme desperta o ativismo nas pessoas”. Nádia Rebouças, que trabalhou com Betinho, completou com uma lição que aprendeu com ele: “Seja o protagonista. Não espere por ninguém, vá e faça”.

O público ainda contou com a presença de Maria Nakano, companheira de Betinho, e de outros membros e amigos da família, além de alunos e professores do colégio estadual Herbert de Souza. Muitos fizeram contribuições emocionadas e importantes para a conversa.

O Cine Encontro também recebeu a bela e inesperada visita de um inseto conhecido como esperança, que pousou na tela do cinema e lá ficou durante toda a exibição e a conversa. Os participantes da mesa encantaram-se com a magia do acontecimento e com seus possíveis significados. Roque ainda disse: “É o Betinho! Ele está aqui!”, o que desencadeou uma entusiasmada salva de palmas.

Os planos para o filme são grandes: “Agora é colocar o documentário debaixo do braço e levar para ser trabalhado nas escolas, trabalhando os valores do Betinho. Vamos ver a potência desse filme”, disse Rebouças. Lopes concluiu: “Dia 29 de outubro nos cinemas! Vamos levar este filme ao coração do Brasil”.

Texto: Juliana Shimada

Fotos: Carolina la Cerda




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