Editorial: O Festival do Rio reflete sobre as vitórias e caminhos do cinema brasileiro Presente no Marché du Film, evento de mercado realizado no âmbito da 78ª edição do Festival de Cannes, Festival do Rio reafirma seu compromisso com a promoção do cinema brasileiro
O cinema brasileiro tem atraído os olhares e láureas do mundo. Os prêmios e aplausos conquistados nos palcos internacionais são fruto de décadas de muito trabalho e esforços criativos de diversos setores do ecossistema audiovisual do país, do qual o Festival do Rio tem a satisfação de fazer parte. A indústria cinematográfica brasileira reafirma a cada nova conquista seu potencial para se consolidar como um setor capaz de gerar cada vez mais emprego e renda, além de representar nossa realidade social com sensibilidade artística, destreza técnica e vigor intelectual.
Vivenciar este momento estratégico nos permite enxergar novas possibilidades de expansão local e global. Após as conquistas de Ainda Estou Aqui, premiado no Oscar, no Globo de Ouro e no Festival de Veneza, e de O Último Azul com o Urso de Prata no Festival de Berlim, ainda mais reconhecimento e prêmios acompanharam a forte presença nacional no Festival de Cannes deste ano. O Brasil brilhou na 78ª edição do festival francês, encerrado no último mês de maio, com premiações que já deixaram sua marca na trajetória coletiva do cinema brasileiro.
A bem-sucedida passagem brasileira pela Croisette é motivo de satisfação e reflexão. Ela reforça a relevância dos investimentos em produção, distribuição e promoção do nosso cinema, reflete o resultado das medidas adotadas nos últimos anos e reitera a necessidade de seguir impulsionando as políticas públicas consideradas chave pelo setor. Desde 1999, o Festival do Rio dedica atenção especial ao audiovisual brasileiro com a Première Brasil e se orgulha de integrar esse processo de consolidação local e de crescente internacionalização da cinematografia brasileira, dona de uma identidade tão própria.
Em 2025, nossa presença em Cannes apenas reafirmou esse nosso compromisso. Nos juntamos aos esforços de outros agentes públicos e privados para dar visibilidade à diversidade de nossas histórias e conectar nossos artistas com o mercado global. Acreditamos no cinema como ferramenta poderosa de transformação, capaz de promover o diálogo intercultural e gerar impacto social e econômico em nosso país, "cheio de beleza e poesia", como definiu Kléber Mendonça Filho ao aceitar o prêmio de Melhor Direção por O Agente Secreto pelo júri da competição oficial de Cannes.
Também neste ano, o Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria do Audiovisual (SAv), convidou o Festival do Rio para uma parceria com o órgão federal no programa Goes to Cannes, parte da agenda do Marché du Film, principal plataforma internacional do mercado de cinema.
A iniciativa integrou as celebrações do Brasil como País de Honra no Marché du Film 2025, honraria que marcou os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França e é organizada pelo Ministério da Cultura do Brasil (MinC) em colaboração com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), com apoio do Instituto Guimarães Rosa (IGR), da Embaixada do Brasil em Paris e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
No programa Goes to Cannes, o Festival do Rio selecionou cinco projetos em diferentes fases de desenvolvimento, inscritos via edital promovido pelo MinC, que refletem a riqueza e a pluralidade do cinema brasileiro, dos comentários políticos às narrativas de amadurecimento, lançando luz sobre nossos desafios sociais, questões de gênero e sobre a comunidade LGBTQIAPN+. Durante os dias de Marché du Film, a equipe do Festival esteve junto aos projetos na orientação e preparação para o showcase apresentado a distribuidores, agentes de venda, programadores de festivais e financiadores.
Ao fim do programa, o projeto Virtuosas, longa dirigido por Cíntia Domit Bittar e produzido pela cineasta em conjunto com a produtora Ana Paula Mendes, foi vencedor do Goes to Cannes Award. O filme tensiona fé e feminino e confirma a vocação do nosso cinema para o risco e a crítica social. A honraria reforça, ainda, a participação do Festival do Rio na formação e renovação do cinema brasileiro: em 2011, Cíntia Domit Bittar recebeu o primeiro prêmio de sua carreira na Première Brasil pelo curta-metragem Qual Queijo Você Quer?.
Ao lado do trabalho institucional, o Festival também aplaudiu as vitórias brasileiras na competição oficial de Cannes. Com trajetórias que se cruzam com a do Festival do Rio, Kleber Mendonça Filho recebeu o prêmio de Melhor Direção (Prix de la mise en scène) e Wagner Moura, o prêmio de Melhor Ator (Prix d'interprétation masculine), ambos pelo longa O Agente Secreto.
O cineasta, premiado na safra de 2012 da Première Brasil com o Troféu Redentor de Melhor Roteiro e de Melhor Longa-Metragem de Ficção, ainda recebeu dois prêmios paralelos em Cannes, o Prêmio da Crítica (FIPRESCI), o Prix des Cinémas Art et Essai, além da honraria de Melhor Direção. Kleber Mendonça Filho se tornou o primeiro brasileiro a conquistar a Palma de direção desde Glauber Rocha, celebrado no festival francês em 1969 com O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro.
Além disso, Wagner Moura, com sua conquista do prêmio de Melhor Ator, tornou-se o primeiro brasileiro a brilhar nesta categoria em Cannes, enquanto Fernanda Torres e Sandra Corveloni já receberam o prêmio de Melhor Atriz, respectivamente, em 1986 (Eu Sei Que Vou Te Amar) e 2008 (Linha de Passe). Um feito histórico para um ator cuja presença em nossas telas remonta aos anos iniciais do festival, figurando em mais de 20 filmes exibidos em nossas mostras, incluindo Cidade Baixa e VIPs, vencedores do Troféu Redentor de Melhor Longa-Metragem de Ficção. Por este último, o ator também conquistou o prêmio de atuação masculina na Première Brasil.
Emilie Lesclaux, produtora de O Agente Secreto, integrou o júri da Première Brasil em 2024, edição que traz um laço com outro talento do cinema brasileiro reconhecido em Cannes neste ano. A cineasta brasileira Marianna Brennand, venceu o troféu Emerging Talent Award pelo programa Women In Motion. Sua obra mais recente, o drama Manas, foi exibida, na competição principal do Festival do Rio, conquistando o Prêmio Especial do Júri.
Participar do programa Goes to Cannes do Marché du Film e do Festival de Cannes como um todo foi mais do que uma oportunidade de trazer novos projetos para a nossa 27ª edição, que ocorre entre os dias 2 e 12 de outubro; foi também um reconhecimento. Um reconhecimento de que o Festival do Rio é esse espaço onde novos talentos encontram terreno fértil para florescer e onde o cinema brasileiro se fortalece.
Cannes sempre nos recebeu com generosidade. E, nesta edição, retribuímos o carinho com a energia que nos define, com a vontade de construir pontes e com a certeza de que o futuro do cinema se faz com sensibilidade, ousadia e colaboração.
De volta ao Brasil, seguimos na produção da edição deste ano do Festival do Rio, reconhecendo a atenção que nosso público concede aos filmes internacionais, inclusive aqueles que se destacaram em outros grandes festivais do mundo, mas sem nunca perder de vista o tapete vermelho especial que estendemos ao cinema brasileiro.
Junto a tudo isso, somos do Rio de Janeiro, esta cidade privilegiada, o que atrai os olhos para nós e para nosso evento de mercado, o RioMarket. O Festival do Rio trabalha para ser a porta de entrada da América Latina para o cinema mundial e também o portão de embarque do cinema brasileiro e latino-americano para o mundo.
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O Festival do Rio é apresentado pelo Ministério da Cultura, Shell e Prefeitura do Rio. Tem patrocínio master da Shell através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio especial da Prefeitura do Rio - por meio da Riofilme, órgão que integra a Secretaria Municipal de Cultura. Realização: Cinema do Rio e Ministério da Cultura / Governo Federal.
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