Exibidos em edições anteriores do Festival do Rio, A Mulher que Nunca Existiu e Os Dragões chegam aos cinemas O drama social tunisiano de Mehdi M. Barsaoui e a produção gaúcha de realismo mágico dirigida por Gustavo Spolidoro integraram, respectivamente, a programação das mostras Expectativa e Première Brasil: Novos Rumos
A Mulher que Nunca Existiu e Os Dragões estão entre as principais estreias da semana — Foto: divulgação/Imovision/Lança Filmes
Dois filmes que passaram por edições anteriores do Festival do Rio chegam às salas de cinema nesta quinta-feira (22). Um deles é o drama tunisiano-francês A Mulher que Nunca Existiu, de Mehdi M. Barsaoui, exibido na mostra Expectativa em 2024. O outro é o longa brasileiro Os Dragões, de Gustavo Spolidoro, participante da Première Brasil: Novos Rumos em 2021. De gramáticas cinematográficas tão distintas quanto os contextos nos quais foram produzidos, ambos os trabalhos trazem em comum uma observação sobre figuras em pontos-chave de suas vidas, buscando liberdade para se desenvolverem enquanto indivíduos, apesar das pressões externas.
Ambientado na Tunísia contemporânea, A Mulher que Nunca Existiu, originalmente intitulado Aïcha, acompanha Aya, uma jovem que se sente aprisionada em uma vida sem perspectivas ao lado dos pais, no sul do país. A chance de mudar tudo aparece de forma inesperada: após sobreviver a um grave acidente de trânsito, ela decide fugir para a capital sob outra identidade. Sua tentativa de recomeço, no entanto, é ameaçada quando se torna a única testemunha de um erro policial. Unindo denúncia política e drama existencial, o filme questiona o papel da mulher na sociedade tunisiana e as condições que definem o que significa, de fato, viver.
A Mulher que Nunca Existiu, de Mehdi M. Barsaoui — Foto: divulgação/Imovision
Segundo o cineasta que assina o projeto, o título original do filme, que remete a um nome comum e, ao mesmo tempo, simbólico na Tunísia — "Aïcha" significa "vivo" em árabe —, reflete o percurso da protagonista. O diretor Mehdi M. Barsaoui explicou, em entrevista à imprensa francesa, que o título reflete uma pergunta que, para ele, move o projeto: "Como se tornar vivo? Como viver, porque ela está viva, mas é como uma morta-viva, e eu não gosto desse termo. Segundo ele, a personagem está viva, mas "apagada, como toda uma geração na Tunísia que também é parecida com a minha".
A Mulher que Nunca Existiu, de Mehdi M. Barsaoui — Foto: divulgação/Imovision
Além de integrar a mostra Expectativa, dedicada a novos expoentes da direção, no 26º Festival do Rio (2024), o longa-metragem também fez parte da programação da seleção Orizzonti do Festival de Veneza. Ao festival italiano, o cineasta foi incisivo ao falar sobre a proposta de seu filme. "Será que alguém precisa morrer para ser livre na Tunísia? [...] É um filme sobre novos começos e sobre a necessidade de viver plenamente, mesmo quando a liberdade só parece possível por meio da morte. Aïcha enfrenta obstáculos de todas as ordens: submissão, misoginia, desespero — e um sistema corrompido que a esmaga”, destacou o cineasta. A Mulher que Nunca Existiu tem distribuição da Imovision.
Os Dragões, de Gustavo Spolidoro — Foto: divulgação/Lança Filmes
Também nesta quinta-feira, estreia Os Dragões, de Gustavo Spolidoro, exclusivamente nas salas de cinema do Rio Grande do Sul, com distribuição da Lança Filmes. Filmado em Cotiporã, cidade natal da avó do diretor, o longa-metragem é protagonizado por adolescentes da região e ganha as salas gaúchas em um projeto educacional voltado para a formação de público jovem. Com sessões escolares a preços acessíveis, a iniciativa visa aproximar os estudantes ao potencial reflexivo e de pertencimento que o cinema carrega.
Inspirado na literatura de Murilo Rubião (1916-1991), Os Dragões traz uma metáfora sobre a puberdade ao contar a história de cinco adolescentes que enfrentam transformações físicas e emocionais em uma comunidade conservadora. À medida que as ansiedades desta fase tão peculiar da vida se acumulam, os jovens começam a manifestar características fantásticas em seus corpos: chifres, garras, fogo.
Os Dragões, de Gustavo Spolidoro — Foto: divulgação/Lança Filmes
"É um filme que está no registro do realismo mágico, no realismo fantástico, que o Rubião era o grande representante no Brasil, um contista mineiro que falava muito das cidadezinhas do interior, dos trilhos de trem, da vida no interior e, claro, sempre dando um passo além daquilo que a gente vê como realismo, podendo chegar em outras esferas", comentou o cineasta Gustavo Spolidoro em entrevista para a TVE RS. Na mesma ocasião, o cineasta ainda pontou que o longa-metragem, rodado no ano de 2018, conta com registros da paisagem local e da infraestrutura local preservados antes desses elementos, e a comunidade de Cotiporã como um todo, serem afetados pela tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024.
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