Publicado em 08/05/2025

Lispectorante e Virgínia e Adelaide estão entre as principais estreias da semana — Foto: divulgação/Embaúba Filmes/H2O

Duas produções brasileiras que marcaram presença no 26º Festival do Rio estreiam nesta quinta-feira, 8 de maio, nos cinemas de todo o país. Lispectorante, de Renata Pinheiro, e Virgínia e Adelaide, codirigido por Yasmin Thayná e Jorge Furtado, trazem ao público narrativas que exploram, cada uma a seu modo, as memórias, lutas e reinvenções de personagens femininas.

Estrelado por Marcélia Cartaxo, que deu vida à Macabéa na clássica adaptação para os cinemas do romance A Hora da Estrela, Lispectorante mergulha no universo lispectoriano ao acompanhar Glória Hartman, uma artista plástica em crise que retorna a Recife, sua cidade natal. Lá, ao visitar o antigo casarão onde Clarice Lispector viveu, Glória descobre uma fenda que a conecta a visões fantásticas, desencadeando uma jornada de autoconhecimento e transformação. A distribuição é da Embaúba Filmes. O filme parte da seleção oficial da competição principal da Première Brasil.

Lispectorante, de Renata Pinheiro — Foto: divulgação/Embaúba Filmes
Lispectorante, de Renata Pinheiro — Foto: divulgação/Embaúba Filmes

A diretora Renata Pinheiro revela que a inspiração para o filme surgiu durante a pandemia, período em que refletiu e projetou, com esperança, que o mundo passaria por "uma transformação geral para o bem". O futuro utópico projetado não se concretizou, mas aquela ideia germinou nas telonas neste projeto que une drama e romance com ares de fábula psicodélica, centrado em uma personagem que dá um salto de fé para seguir os desejos de seu coração (e de seu inconsciente).

Gheuza, Marcélia Cartaxo, Renata Pinheiro, Clara Pinheiro e Karina Buhr na première de Lispectorante no Festival do Rio 2024 — Foto: Davi Campana/Festival do Rio
Gheuza, Marcélia Cartaxo, Renata Pinheiro, Clara Pinheiro e Karina Buhr na première de Lispectorante no Festival do Rio 2024 — Foto: Davi Campana/Festival do Rio

Durante uma conversa com o público no Festival do Rio 2024, parte do programa Première Brasil Debates, Pinheiro descreveu o longa como "uma ode à capacidade de fabulação que o humano tem para se adaptar e sobreviver às amarguras da vida e à própria condição humana". Na mesma ocasião, Sérgio Oliveira, corroteirista do filme, destacou que notar a situação de abandono na residência onde Lispector passou parte de sua infância no Recife foi um "detonador" para a construção do enredo, que tem a geografia da capital pernambucana como um de seus personagens.

Dirigido por Yasmin Thayná e Jorge Furtado, Virgínia e Adelaide foi exibido fora de competição na Première Brasil do ano passado e retrata a história real do encontro entre Virgínia Bicudo, mulher negra que foi a primeira não-médica a ser reconhecida como psicanalista, e Adelaide Koch, psicanalista judia que fugiu do regime nazista na Alemanha. Ambientado em São Paulo durante o Estado Novo, o filme acompanha a relação que se desenvolve entre as duas mulheres, de médica e paciente a colegas e amigas por toda a vida. Gabriela Correa, como Virgínia, e Sophie Charlotte, no papel de Adelaide, assumem os papéis principais.

Gabriela Correa, Jorge Furtado, Yasmin Thayná e Sophie Charlotte durante as filmagens de Virgínia e Adelaide - Foto: divulgação/Casa de Cinema de Porto Alegre/Globo Filmes/H2OGabriela Correa, Jorge Furtado, Yasmin Thayná e Sophie Charlotte durante as filmagens de Virgínia e Adelaide — Foto: divulgação/Casa de Cinema de Porto Alegre/Globo Filmes/H2O

Em entrevista para o site Oxente Pipoca, Jorge Furtado destaca a importância de humanizar personagens históricos, mostrando-os em suas complexidades e vulnerabilidades. Ele afirma: "Ao humanizar os nossos heróis, nossos ídolos, a gente socializa eles, distribui eles. As pessoas se identificam: 'Eu também sou assim. Eu também tô contando o dia pra pagar minha conta'".

Thayná — que esteve no Festival do Rio 2023 para uma exibição especial da série Amar É Para Os Fortes, criada por ela Kátia Lund e Daniel Lieff — estreou na direção de um longa-metragem neste projeto. Ao Festival do Rio, no tapete vermelho da sessão, realizada em outubro de 2024, celebrou a oportunidade de tratar da história de "duas mulheres super importantes para o pensamento intelectual brasileiro" e elogiou a parceria com Furtado.


Virgínia e Adelaide, de Yasmin Thayná e Jorge Furtado — Foto: divulgação/H2O

"O Jorge é um mestre para mim. Quando ele me ligou, falando: 'Quer dirigir um filme com a gente?', fiquei muito feliz por saber que eles me consideraram como alguém que poderia contribuir para o cinema deles. Foi uma experiência muito afetuosa", disse. "Em um processo de codireção, é muito importante se sentir acolhido. E eu estava filmando fora de casa, com uma equipe que era muito junta, e me receberam de uma forma tão boa. Isso foi fundamental nessa forma de realização."

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