Publicado em 06/01/2025

Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação em Ainda Estou Aqui — Foto: Reprodução/Instagram/Ellen von Unwerth
Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação em Ainda Estou Aqui — Foto: Reprodução/Instagram/Ellen von Unwerth

Um triunfo histórico que provou que a arte pode superar barreiras culturais e de idioma. Um bem-vindo reconhecimento que atesta a excelência e vitalidade do sempre tão plural cinema nacional. A aclamação diante de todo o mundo de um filme que revisita feridas de um passado doloroso de nosso país, em diálogo com as tensões do presente. Uma conquista inédita para o audiovisual do Brasil e da América Latina.

Por esses ou tantos outros prismas possíveis, a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro 2025 na categoria Melhor Atriz em Filme de Drama foi um notável marco. 

No último domingo (5), a atriz conquistou um dos mais cobiçados prêmios de Hollywood por seu elogiado trabalho em Ainda Estou Aqui, drama biográfico dirigido por Walter Salles com base no livro de memórias assinado por Marcelo Rubens Paiva.

 

Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, o longa-metragem passou pelo Festival do Rio com uma sessão especial realizada em outubro de 2024, a única a contar com a presença massiva da equipe de produção, de nomes do elenco principal e coadjuvante, e com a ilustre participação de Fernanda Montenegro, homenageada na ocasião e ovacionada pelo público do Cine Odeon.

Walter Salles, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres e Selton Mello na sessão especial de Ainda Estou Aqui no Festival do Rio — Foto: Alexandre Macieira
Walter Salles, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres e Selton Mello na sessão especial de Ainda Estou Aqui no Festival do Rio — Foto: Alexandre Macieira

No Globo de Ouro, uma Fernanda Torres visivelmente emocionada subiu ao palco para receber o troféu das mãos de Viola Davis, desbancando concorrentes como Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet e Tilda Swinton. Em seu discurso, marcado pela elegância, emoção e sensibilidade, a brasileira dedicou a conquista à sua mãe:

“Eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia, ela estava aqui há 25 anos, e isso é uma prova que a arte perdura na vida. Até durante momentos difíceis pelos quais a incrível Eunice Paiva, e o mesmo que está acontecendo no mundo hoje. Há tanto medo. Esse é um filme que nos ajuda a pensar em como sobreviver em tempos difíceis como os atuais”, disse a atriz brasileira.

Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação em Ainda Estou Aqui — Foto: Reprodução/Instagram/Ellen von UnwerthFernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação em Ainda Estou Aqui — Foto: Reprodução/Instagram/Ellen von Unwerth

Drama histórico de profunda humanidade, Ainda Estou Aqui retrata o desaparecimento do engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva, que nunca mais foi visto após ser levado de sua casa por agentes armados da ditadura militar. Interpretado por Selton Mello, Rubens deixa um vazio irreparável na vida de sua família, levando Eunice, a matriarca incansável de cinco filhos, a assumir a liderança do lar e a lutar por memória, verdade, justiça e reparação.

“O que Fernanda Torres nos deu ontem não conhece limite de alegria. Pelas mãos seguras de um diretor como Walter Salles, as duas Fernandas — Dona Fernanda, há pouco mais de 20 anos, com Central do Brasil — e Nanda, agora, com Ainda Estou Aqui, nos levam onde queremos chegar. E com a elegância e humor que só Fernanda Torres tem”, celebrou Ilda Santiago, diretora-executiva do Festival do Rio, em comunicado publicado em uma rede social.

MARIA CARLOTA FERNANDES BRUNO, RODRIGO TEIXEIRA, WALTER SALLES, FERNANDA MONTENEGRO, FERNANDA TORRES, SELTON MELLO E ILDA SANTIAGO - Sessão Especial de Ainda Estou Aqui no Cine Odeon
Fernanda Montenegro é ovacionada na sessão especial de Ainda Estou Aqui realizada no Festival do Rio em outubro de 2024 — Foto: Alexandre Macieira

“O cinema — brasileiro, sim — mas antes de tudo CINEMA — nos permite tecer e retecer nossa memória. Construir o futuro. Um futuro com nossas histórias na tela. Todas elas. Obrigada, Walter, por trazer à tona e levar ao mundo – com tanta delicadeza - a história de Eunice Paiva, uma das muitas historias de anos sombrios no Brasil”, completou Ilda.

Estrela de brilho próprio no cinema e na televisão do Brasil, Fernanda Torres participou de 14 filmes exibidos em 10 das 26 edições do Festival do Rio já realizadas. Um dos destaques foi O Que é Isso, Companheiro?, filme Bruno Barreto indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, exibido em diferentes mostras em três edições do evento, incluindo uma sessão especial em homenagem aos 60 anos da produtora L.C. Barreto realizada na edição do ano passado.

A seguir, relembre todos os filmes, entre ficções e documentários, que contam com presença de Fernanda Torres como atriz, narradora ou entrevistada que já foram exibidos no Festival do Rio.

Terra Estrangeira (1995), de Walter Salles e Daniela Thomas

  • Festival do Rio 1999 - Mostra: Cine Brasil
  • Festival do Rio 2021 - Mostra: Première Brasil - Especial

Terra Estrangeira (1995), de Walter Salles e Daniela Thomas


Traição (1998), de José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres

  • Festival do Rio 1999 - Mostra: Cine Brasil

Traição (1998), de José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres


O Primeiro Dia (1998), de Walter Salles e Daniela Thomas

  • Festival do Rio 1999 - Mostra: 2000 Visto Por... 
  • Festival do Rio 2000 - Mostra: Cine BR

O Primeiro Dia (1998), de Walter Salles e Daniela Thomas


O Que é Isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto


Gêmeas (1999), de Andrucha Waddington

  • Festival do Rio 2000 - Mostra: Cine BR

Gêmeas (1999), de Andrucha Waddington


Inocência (1983), de Walter Lima Jr.

  • Festival do Rio 2001 - Mostra: Retrospectiva LC Barreto


Os Normais: O Filme (2003), de José Alvarenga Jr.

  • Festival do Rio 2004 - Mostra: Lonas Culturais

Os Normais: O Filme (2003), de José Alvarenga Jr.


Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho

  • Festival do Rio 2007 - Mostra: Première Brasil - Hors Concours

Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho


Crítico (2008), de Kleber Mendonça Filho

  • Festival do Rio 2008 - Mostra: Expectativas

Crítico (2008), de Kleber Mendonça Filho


A Marvada Carne (1985), de André Klotzel

Festival do Rio 2011 - Mostra: Semana da Crítica 50 anos


Os 8 Magníficos (2017), de Domingos de Oliveira

  • Festival do Rio 2017 - Mostra: Première Brasil - Hors Concours


Babenco - Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou (2019), de Bárbara Paz

  • Festival do Rio 2019 - Mostra: Première Brasil - Hors Concours - Doc.


O Mês Que Não Terminou (2019), de Francisco Bosco e Raul Mourão

  • Festival do Rio 2019 - Mostra: Première Brasil - Fronteiras


Ainda Estou Aqui, de Walter Salles

  • Festival do Rio 2024 - Sessão especial


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