Publicado em 30/01/2025

Kasa Branca, de Luciano Vidigal — Foto: divulgação/Vitrine Filmes - Sessão Vitrine

O circuito de estreias nas salas de cinema do Brasil conta com uma profusão de longas-metragens que o público do Festival do Rio teve a chance de conferir em primeira mão ano passado, na 26ª edição do evento. Ao todo, cinco produções que integraram a programação do evento em 2024 despontam no circuito comercial nesta quinta-feira (30): o multipremiado drama Kasa Branca, os indicados ao Oscar A Verdadeira Dor e Setembro 5, e os documentários Trilha Sonora para um Golpe de Estado e Alma do Deserto.

Com um olhar carinhoso para a periferia e a intenção de subverter estereótipos sobre a juventude negra das favelas, Kasa Branca se passa na Chatuba, comunidade da Baixada Fluminense. Na trama, Dé (Big Jaum) conta com o apoio incondicional de seus dois grandes amigos, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), para cuidar de sua avó, a Dona Almerinda (Teca Pereira), que está em uma fase avançada do Alzeheimer. O elenco traz ainda nomes como Babu Santana, Roberta Rodrigues, Gi Fernandes e o rapper L7nnon.

Luciano Vidigal foi premiado no Festival do Rio por seu trabalho como diretor em Kasa Branca — Foto: Cláudio Andrade/Festival do Rio
Luciano Vidigal foi premiado no Festival do Rio por seu trabalho como diretor em Kasa Branca — Foto: Cláudio Andrade/Festival do Rio

No retrato proposto pelo cineasta, que visa "subverter narrativas", como definiu o diretor em um debate com o público realizado durante o festival, rapazes negros cuidam uns dos outros, de suas famílias e se permitem ser vulneráveis e afetuosos. Na cerimônia de premiação do Festival do Rio em 2024Kasa Branca faturou o troféu Redentor em quatro categorias da competição principal da Première Brasil: melhor direção de ficção para Vidigal, melhor ator coadjuvante para Diego Francisco, melhor trilha sonora original e melhor fotografia.

"Quando a gente escolha a narrativa preta, temos de cuidar disso com respeito, com poesia, que aí a glória vem. Agradeço muito ao júri por ter entendido a busca por essa poesia", celebrou Vidigal ao se consagrar o primeiro realizador negro a vencer o Troféu Redentor direção de longa-metragem de ficção na competição principal do Festival do Rio.

A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg — Foto: divulgação/Disney
A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg — Foto: divulgação/Disney

Um dos destaques da mostra Expectativa, dedicada a novas vozes promissoras da direção, a comédia dramática A Verdadeira Dor também desponta no circuito comercial de salas nesta quinta-feira (30). O longa-metragem marca a estreia de Jesse Eisenberg como diretor e traz o astro acumulando as funções de cineasta, roteirista, produtor e protagonista do projeto.

Exibido e premiado em Sundance, o filme equilibra momentos cômicos com uma narrativa sensível sobre trauma, amizade e dilemas existenciais. O buddy movie acompanha a jornada de dois primos judeus americanos de personalidades muito distintas que viajam dos Estados Unidos para a Polônia para homenagear a falecida avó de ambos e se reconectar com as origens da família. Enquanto exploram detalhes sobre sua história familiar compartilhada, a dupla revive antigas tensões neste contato com o passado. O filme conquistou duas indicações ao Oscar: melhor roteiro original para Eisenberg e melhor ator coadjuvante para Kieran Culkin.

Setembro 5, de Tim Fehlbaum — foto: divulgação/Paramount Pictures
Setembro 5, de Tim Fehlbaum — foto: divulgação/Paramount Pictures

Outra produção indicada ao Oscar 2025 na categoria de melhor roteiro original que estreia nesta quinta é o drama histórico Setembro 5, do realizador suíço Tim Fehlbaum. Ambientado durante as Olimpíadas de 1972, realizadas em Munique, na então Alemanha Ocidental, o longa-metragem acompanha uma equipe estadunidense de jornalistas esportivos que precisa mudar o foco de sua cobertura drasticamente após os massacre promovido contra membros da delegação israelense promovidos por um grupo terrorista denominado Setembro Negro. 

No olho do furacão, o jovem e ambicioso produtor de TV Geoff (John Magaro) usará seu faro jornalístico para capturar as audiências globais com uma cobertura que visa impressionar seu chefe, o lendário executivo Roone Arledge (Peter Sarsgaard), enfrentando dilemas morais, apurações perigosas e decisões difíceis.

Alma do Deserto, de Mónica Taboada Tapia — Foto: divulgação/Retrato Filmes
Alma do Deserto, de Mónica Taboada Tapia — Foto: divulgação/Retrato Filmes

Coprodução Brasil-Colômbia, o documentário Alma do Deserto integrou a mostra Première Latina no 26º Festival do Rio e agora será projetado em salas do circuito comercial. O longa-metragem documental expande o retrato apresentado pela diretora colombiana Mónica Taboada Tapia no curta Two-Spirit (2021) e foca na trajetória de vida da protagonista Georgina Epiayu, uma mulher trans da etnia Wayúu, grupo indígena que vive na árida região de La Guajira, no norte da Colômbia, próximo ao Mar do Caribe.

Septuagenária, Georgina quer emitir uma carteira de identidade retificada, missão que se tornou ainda mais importante após seus vizinhos, que não aceitavam sua identidade de gênero, terem incendiado a casa que em que ela vivia, queimando seu antigo registro junto com seus demais pertences. Resiliente, Georgina também busca se reconciliar com sua família, de quem tem se aproximado, apesar de seus parentes ainda não a aceitarem totalmente. O longa-metragem documental dirigido por Mónica Taboada Tapia foi o vencedor do prêmio Queer Lion, no Festival de Veneza, e concorreu ao prêmio Felix no Festival do Rio.

Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado
Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado, de Johan Grimonprez — Foto: divulgação/Pandora Filmes

Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado completa a lista de filmes do Festival do Rio que se destacam entre as estreias desta quinta-feira (30). Premiado em Sundance, onde foi elogiado por "abordar uma história complexa de uma maneira ousada e ambiciosa", de acordo com o júri do festival, o longa-metragem assinado pelo realizador belga Johan Grimonprez amarra temas como jazz, geopolítica, Guerra Fria e descolonização.

A narrativa do documentário reconta os eventos que culminaram num episódio marcante que ocorreu em fevereiro de 1961, quando os músicos de jazz estadunidenses Abbey Lincoln e Max Roach invadiram o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba — líder político responsável pela então recente independência da República Democrática do Congo.

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