Publicado em 10/04/2025


O Agente Secreto, de Kléber Mendonça Filho, vai competir pela Palma de Ouro em Cannes — Foto: divulgação/MK2/Ad Vitam

O cinema brasileiro volta a ocupar um lugar de prestígio na Croisette: O Agente Secreto, novo longa-metragem de Kléber Mendonça Filho, foi selecionado para disputar a Palma de Ouro na 78ª edição do Festival de Cannes, que acontece entre os dias 13 e 24 de maio de 2025. 

O anúncio consolida o bom momento do audiovisual nacional nos holofotes dos grandes eventos mundiais neste ano, após o ciclo histórico de vitórias que consagrou Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, no Oscar e Globo de Ouro, e do reconhecimento recebido por O Último Azul no Festival de Berlim deste ano, onde o filme de Gabriel Mascaro conquistou o Urso de Prata.

A presença de O Agente Secreto na competição oficial de Cannes reafirma o prestígio de Kléber Mendonça Filho no circuito dos grandes festivais internacionais. Em 2016, o diretor competiu pela Palma de Ouro com Aquarius. Já em 2019, retornou a Cannes para vencer o Prêmio do Júri no festival por seu trabalho em Bacurau, codirigido com Juliano Dornelles.

Agora, o cineasta retorna à mostra principal com um projeto solo. O anúncio também repete a presença do cinema nacional pelo segundo ano consecutivo na disputa pela Palma de Ouro. Ano passado, o representante brasileiro foi Motel Destino, de Karim Aïnouz.

Wagner Moura e Kléber Mendonça Filho durante as filmagens de O Agente Secreto Foto: divulgação/MK2/Ad Vitam
Wagner Moura e Kléber Mendonça Filho durante as filmagens de O Agente Secreto — Foto: divulgação/MK2 Films

"Eu penso logo na equipe extraordinária e nas filmagens inesquecíveis que tivemos no ano passado. E no elenco maravilha e em Wagner Moura, grande ator, astro e pessoa. O filme está quase pronto depois de oito meses de montagem", comentou o diretor em uma rede social, comemorando a seleção do filme em Cannes.

Rodado entre Recife e São Paulo, O Agente Secreto é ambientado na década de 1970 e acompanha Marcelo, interpretado por Wagner Moura. O protagonista é um professor universitário que foge da capital paulista para a capital pernambucana na tentativa de escapar do radar do governo brasileiro, que o considera subversivo. Em Recife, em plena semana de Carnaval, ele percebe aos poucos que está sendo espionado por seus próprios vizinhos.


Wagner Moura e Kléber Mendonça Filho durante as filmagens de O Agente Secreto — Foto: divulgação/MK2 Films

O elenco traz ainda nomes como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Isabél Zuaa, Rubens Santos, Laura Lufési, Alice Carvalho, Udo Kier, Thomás Aquino, Suzy Lopes, Buda Lira, Carlos Francisco e Wilson Rabelo. Kléber também assina o roteiro do longa-metragem. Após estreia mundial em Cannes, o filme deve chegar ao circuito comercial de salas do Brasil no segundo semestre de 2025.

A trajetória do diretor no Festival do Rio

A relação entre Kléber Mendonça Filho e o Festival do Rio é longa e começou há mais de 20 anos. Ao todo, cinco produções dirigidas ou codirigidas pelo realizador já passaram pelo evento, ajudando a consolidar a primeira etapa da trajetória do cineasta que se firmaria como um dos nomes de maior reconhecimento do cinema nacional recente.

Kléber Mendonça Filho promove O Som ao Redor no Festival do Rio 2012 — Foto: divulgação/Festival do Rio
Kléber Mendonça Filho promove O Som ao Redor no Festival do Rio 2012 — Foto: divulgação/Festival do Rio

Nas telas cariocas, o diretor exibiu o curta A Menina do Algodão (2003), em parceria com Daniel Bandeira; Eletrodoméstica (2005); Noite de Sexta, Manhã de Sábado (2007); seu primeiro longa-metragem documental, Crítico (2008); e seu primeiro longa-metragem de ficção, O Som ao Redor (2012), que conquistou os prêmios de Melhor Filme de Ficção e Melhor Roteiro na Première Brasil.

O Agente Secreto conta com Emilie Lesclaux como produtora. Em 2024, no 26º Festival do Rio, a profissional francesa radicada no Brasil integrou o júri da competição principal da Première Brasil presidido pela atriz argentina Mercedes Morán.

Emilie Lesclaux, Ilda Santiago e Kléber Mendonça Filho na sessão de gala de Dormir de Olhos Abertos no Festival do Rio 2024 - Foto: Rogério Resende/Festival do Rio
Emilie Lesclaux, Ilda Santiago e Kléber Mendonça Filho na sessão de gala de Dormir de Olhos Abertos no Festival do Rio 2024 - Foto: Rogério Resende/Festival do Rio

"Começamos a pré-produção em janeiro do ano passado e fomos até o mês de maio. Iniciamos as filmagens em junho, com duração de dez semanas, seguidas por muitos meses de montagem. Agora estamos na pós-produção de som e imagem, feita em Berlim e Paris. Estrear no Festival de Cannes é muito importante na nossa trajetória e mal posso esperar para ver o filme recém finalizado na tela do Grand Theâtre Lumière e poder dividir essa alegria com a nossa equipe e elenco", comentou Lesclaux, celebrando a participação do filme em Cannes.

Anúncio em Cannes homenageou Cacá Diegues

Na manhã desta quinta-feira (10), o Festival de Cannes revelou a seleção oficial da sua 78ª edição, em coletiva de imprensa comandada por Iris Knobloch, presidente do festival, e Thierry Frémaux, diretor-geral. O anúncio foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do evento diretamente de Paris.

Knobloch abriu a coletiva com um apelo por tolerância e diversidade, ressaltando que, há quase 80 anos, o festival está em "diálogo com o mundo, incorporando uma França corajosa, curiosa e aberta". Em seguida, Frémaux homenageou nomes do cinema que faleceram nos últimos meses, citando o cineasta brasileiro Cacá Diegues, além de Alain Delon, Marisa Paredes, David Lynch e Emilie Dequenne.

A disputa pela Palma de Ouro este ano reúne nomes consagrados do cinema mundial, como Richard Linklater, Kelly Reichardt, Julia Ducournau, Jafar Panahi, Joachim Trier e os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, além do próprio Kléber Mendonça Filho. 

A 78ª edição do Festival de Cannes contará ainda com a atriz francesa Juliette Binoche como presidente do júri responsável por escolher os vencedores da competição oficial. Na cerimônia de abertura, o lendário ator Robert De Niro será homenageado com uma Palma de Ouro honorária em reconhecimento à sua trajetória no cinema.

Curta brasileiro vai competir na Semana da Crítica

Atualizado em 17/04/2025

O curta brasileiro Samba Infinito, de Leonardo Martinelli, foi selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2025. A Semaine de la Critique é a mais antiga mostra paralela do Festival de Cannes. Dedicada a descobrir novos talentos do cinema mundial, com foco em primeiros e segundos longas-metragens, o certame foi criado em 1962, gerido e organizado pelo Sindicato Francês da Crítica de Cinema.

Ambientado nos dias de Carnaval na cidade do Rio de Janeiro, o enredo do curta-metragem acompanha um gari que enfrenta o luto pela perda da irmã enquanto lida com as exigências de seu trabalho. Em meio à folia, ele encontra uma criança perdida e parte em busca de ajudá-la. Os papéis principais são interpretados por Alexandre Amador e Miguel Leonardo. O elenco traz ainda a participação de Camila Pitanga e do cantor e compositor Gilberto Gil, que interpreta um bibliotecário.

Em entrevista para o Jornal O Globo, Martinelli comemorou a presença de Gil no projeto. "O filme é profundamente inspirado no repertório artístico e na filosofia de Gilberto Gil, então tê-lo no elenco foi uma alegria imensa", avaliou o cineasta. "Temos uma obra que reflete as belezas e contradições do Carnaval, além da força simbólica do trabalho de um gari durante essas festas." A lista completa de produções da Semana da Crítica pode ser acessada no site da mostra.

A seguir, veja todos os títulos anunciados na programação do 78º Festival de Cannes na quinta-feira, 10/4.

Em Competição - Palma de Ouro

Alpha, de Julia Ducournau

Dossier 137, de Dominik Moll

Eddington, de Ari Aster

Fuori, de Mario Martone

In Simple Accident, de Jafar Panahi

La Petite Dernière, de Hafsia Herzi

Nouvelle Vague, de Richard Linklater

O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho

O Esquema Fenício, de Wes Anderson

Renoir, de Chie Hayakawa

Romeria, de Carla Simon

Sentimental Value, de Joachim Trier

Sirat, de Oliver Laxe

Sound of Falling, de Mascha Schilinski

The Eagles of the Republic, de Tarik Saleh

The History of Sound, de Oliver Hermanus

The Mastermind, de Kelly Reichardt

Two Prosecutors, de Sergei Loznitsa

Young Mothers, de Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne

Un Certain Regard

A Pale View of Hills, de Kei Ishikawa

Aisha Can’t Fly Away, de Morad Mostafa

Eleanor the Great, de Scarlett Johansson

Heads or Tails?, de Alessio Rigo de Righi, Matteo Zoppis

L’inconnue de la Grande Arche, de Stephane Demoustier

Meteors, de Hubert Charuel

My Father’s Shadow, de Akinola Davies Jr

Once Upon a Time in Gaza, de Arab Nasser, Tarzan Nasser

Pillion, de Harry Lighton

The Mysterious Gaze of the Flamingo, Diego Céspedes

The Plague, de Charlie Polinger

Urchin, de Harris Dickinson

Sessões Especiais

Bono: Stories of Surrender, de Andrew Dominik

Tell Her I Love Her, de Romane Bohringer

The Magnificent Life of Marcel Pagnol, de Sylvain Chomet

Fora de competição

The Coming Of The Future, de Cedric Klapisch

Missão: Impossível – O Acerto Final, de Christopher McQuarrie

Partir un jour, Amélie Bonnin – filme de abertura

The Richest Woman in the World, de Thierry Klifa

Vie Privée, de Rebecca Zlotowski

Cannes Premiere

Amrum, de Fatih Akin

Connemara, de Alex Lutz

Orwell, de Raoul Peck

Splitsville, de Michael Angelo Covino

The Disappearance of Josef Mengele, de Kirill Serebrennikov

The Wave, de Sebastián Lelio

Midnights

Dalloway, Yann Gozlan

Songs of the Neon Night, de Juno Mak

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