Publicado em 27/09/2014

Petróleo e água foi o primeiro filme da mostra Meio Ambiente a ser debatido no Centro Cultural Justiça Federal na sexta-feira, 26. A mesa foi mediada por Vik Birkbeck, curadora da mostra, e contou com a presença das duas diretoras, Francine Strickwerda e Laurel Spelmann Smith, e do advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), André de Paula.

O filme apresenta Hugo e David, jovens com origens diferentes buscando o mesmo objetivo: solucionar o problema da poluição causada pela indústria petroquímica na Amazônia equatoriana. Hugo faz parte da tribo Cofan e, ainda criança, foi enviado aos Estados Unidos para que pudesse estudar e, ao regressar, liderar a tribo. Através de um trabalho de escola, David conhece a região, que sofre com os dejetos de petróleo, e, mais tarde, já formado em Direito, batalha para criar uma legislação que regule as grandes indústrias petrolíferas.

O debate foi aberto com um elogio de Birkbeck às diretoras pela coragem, ressaltando o risco de produzir um filme que denuncie práticas antiéticas e antiecológicas das indústrias de petróleo. Smith contou que tudo começou em Seattle, e que tanto ela quanto Strickwerda não sabiam que o projeto as levaria para a selva e que duraria oito anos para ficar pronto. À medida que conheceram Hugo, passaram a conhecer a história dos Cofan e de David. Elas acharam interessante a trajetória desses dois jovens, que, cada um à sua maneira, lutavam contra o mesmo problema.

André de Paula reforçou que a questão do petróleo deve ser analisada dos pontos de vista social, econômico e político. Ele ressaltou a importância desse combustível fóssil, mas estabeleceu condições que deveriam ser aplicadas para que a utilização do mesmo seja menos prejudicial ao meio ambiente. O lucro proveniente dessa prática, por exemplo, deveria ser utilizado para o investimento em pesquisas, a fim de diminuir a dependência do petróleo. Segundo ele, a exportação do combustível deveria acabar, concentrando os lucros no Brasil e movimentando o mercado interno.

Strickwerda falou da dificuldade de divulgação de produções independentes, principalmente documentários tendo como foco a questão ambiental. Devido a obrigações com a PBS, patrocinadora do filme, ele não pode ser disponibilizado na internet. As diretoras pediram então a colaboração da plateia com a divulgação através das redes sociais. Além disso, o filme é assistido em escolas, já que levanta a questão da conscientização ecológica. Segundo Smith, “festivais como este são ótimos para divulgar nosso trabalho e é por isso que voamos até aqui”.

A plateia demonstrou grande interesse em discutir a utilização de meios alternativos de energia e a necessidade de uma legislação que defenda moradores prejudicados pelas indústrias. Ao fim do debate, Smith colocou que todas as fontes de energia têm prós e contras: o objetivo é tentar equilibrar os efeitos negativos. As diretoras disseram que discussões como esta, proporcionada pelo Cine Encontro, são fundamentais e agradeceram ao festival e à plateia.

Texto: Julia Asenjo

Fotos: Giula Accorsi




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