Publicado em 04/10/2014

Equipe e elenco de O último cine drive-in, primeiro longa-metragem do diretor brasiliense Iberê Carvalho, se reuniram ontem, 3 de outubro, na Sede do Festival para debater o filme, que faz parte da Première Brasil deste ano.

A mesa foi mediada pelo jornalista e roteirista Marcelo Starobinas, que deu início à conversa questionando o diretor sobre a trajetória do projeto. Iberê Carvalho explicou que sua intenção era fazer um filme que tematizasse a relação pai e filho e, por coincidência, foi convidado para assistir a uma sessão no cinema drive-in de Brasília, que não sabia que ainda estava em funcionamento. Chegando lá, o diretor se surpreendeu: “Eu fiquei impressionado, parece que você volta no tempo ao entrar ali”, disse Carvalho, elucidando que aquele ambiente anacrônico lhe pareceu adequado para servir de cenário à sua história, que trata do resgate de uma relação perdida no passado.

Starobinas questionou o diretor e os produtores com relação à cena cinematográfica de Brasília. O realizador explicou que a cidade já foi o quarto polo mais importante de cinema do país, mas passou por um hiato por falta de uma política de fomento às produções. Contudo, Carvalho mostrou-se otimista: “O cenário que se coloca é bem animador”, analisou. J. Procópio, produtor e montador da obra, falou da importância do Festival do Rio para dar visibilidade ao cinema brasiliense, enquanto o também produtor Marcus Ligocki Jr. ressaltou a crescente profissionalização do meio cinematográfico da região nos últimos anos. A produtora Carol Barboza completou, falando sobre os problemas de distribuição enfrentados pelo cinema da capital federal, e anunciou a estreia de O último cine drive-in para o segundo semestre de 2015.

Os membros do elenco presentes, os atores Breno Nina, Fernanda Rocha e André Deca, destacaram a importância do trabalho da preparadora de elenco Amanda Gabriel, que tem no currículo filmes como Tatuagem e O som ao redor. Breno Nina, protagonista da obra, sublinhou a liberdade criativa concedida ao elenco pelo diretor e ressaltou o comprometimento de toda a equipe. Já a atriz Fernanda Rocha, que estava grávida à época das filmagens, falou do clima de confiança mútua que se criou entre elenco e direção. “Nós éramos uma família de verdade”, colocou ela, frisando seu contentamento por ter estabelecido uma parceria bastante marcante com o ator Othon Bastos durante as filmagens. Neste ponto, Carvalho lembrou que Bastos é também produtor executivo do longa, e revelou que trabalhar com esse consagrado ator do cinema nacional foi um enorme aprendizado para ele.

Com relação ao trabalho da direção de arte, falou Maíra Carvalho, que lembrou que o filme foi inteiramente rodado em locações, com uma equipe bastante reduzida e um orçamento para a arte de apenas 35 mil reais, o que exigiu um extenso planejamento. Carvalho citou ainda o conjunto de referências que lhe serviram de norte na construção do universo físico da narrativa, inspirado nos anos 1970. Como o filme se passa em um espaço de exibição hoje em dia quase extinto, a diretora de arte mencionou Cinema Paradiso como uma importante influência.

J. Procópio lembrou, ao fim, que o cinema em que se deram as filmagens ainda corre risco de demolição. “É o último cine drive-in da América Latina”, frisou o produtor. O diretor, por sua vez, lembrou que esse espaço conta com um público fiel: “Umas sessenta pessoas em média por sessão, com duas sessões durante a semana e três aos fins de semana. Que sala de cinema tem um público desses?”, declarou Carvalho, que disse já estar planejando uma pré-estreia do longa-metragem na imensa tela, de 312 metros quadrados.

Texto: Maria Caú




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