Publicado em 12/10/2015

O público permanecia surpreso com o final catártico de Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois quando teve início o debate sobre o longa-metragem, na tarde de ontem (domingo, 11) no CCJF.

O diretor, Petrus Cariry, começou o bate-papo revelando que a ideia inicial do roteiro surgiu a partir de um sonho, e comentou sua opção por diálogos e atuações não naturalistas.

Mauro Trindade, jornalista que mediou a mesa, fez referência ao livro Hitchcock/Truffaut, ponderando que no filme de Cariry a imagem se impõe aos diálogos, e o diretor completou, definindo Clarisse como uma obra sensorial. Questionado sobre a relação de sua direção com as artes plásticas, mais especificamente com a pintura, o diretor confirmou ser grande admirador do tema, observando que seus projetos são mais influenciados pelas artes visuais que pela literatura.

A atriz Sabrina Greve contou que dar vida à personagem foi um desafio em sua carreira, principalmente pelo modo de construção do papel, saindo do viés psicológico e explorando outras camadas, como o corpo e as sensações. Outro ponto destacado por ela foi o roteiro aberto, com direito a sequências-surpresa que surgiam um dia antes da gravação.

Cariry relatou que o filme passou por muitas montagens, e que cada uma delas trilhou um caminho particular, resultando no minucioso corte final. Explicou ainda o processo de criação de uma atmosfera onírica, citando como inspiração Império dos sonhos, do cineasta David Lynch.

O realizador concluiu a conversa falando um pouco sobre o cenário atual de cinema no Ceará, um dos mais ativos do Nordeste, junto com Pernambuco, e sublinhando a força da cinefilia nesses lugares. Sobre sua próxima empreitada, Cariry revelou se tratar da adaptação de um conto do escritor fantástico Carlos Emílio Corrêa Lima. Segundo o cineasta, o longa-metragem se chamará O barco, e será um respiro solar após os seus sombrios três últimos trabalhos.

Texto: Pedro Alves

Fotos: Lariza Lima




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