Publicado em 03/11/2018

Por: Ana Vigna

“Viva Clementina!”. Foi assim que a primeira exibição à publico aberto do documentário "Clementina", dirigido por Ana Rieper e com roteiro e produção de Mariana Marinho se encerrou hoje, (sábado, 3), tendo como mediador do encontro Marquinhos de Oswaldo Cruz. Assim como o próprio nome do filme sugere, ele conta a trajetória de um dos maiores ícones do samba brasileiro. Clementina de Jesus era uma empregada doméstica, negra e pobre, descoberta por Hermínio Bello de Carvalho, quando tinha já seus 62 anos de idade, fazendo parte da transição musical que aconteceu na década de 60, sendo até mesmo comparada como a camisa 10 de um time que seria fundamental para a historia e transformação do samba, como disse Marquinhos durante o debate.

Mariana inicia falando que Clementina tinha uma mensagem: “De valorizar a verdade e de nos lembrar, como é importante a liberdade e o papel da mulher.” O projeto vem sendo nutrido há 6 anos e a roteirista não deixa de ressaltar que o filme não teria sido o mesmo sem a ajuda do neto da sambista, conhecido como Bira, que estava na ali platéia prestigiando o longa.

A diretora, Ana Rieper, não deixa de elogiar imensamente a equipe e falar de ter tido um enorme presente por ter dirigido o filme, podendo ter uma imersão na vida de Clementina e do Rio de Janeiro da época, afirmando que desde o início havia uma premissa para guiar o filme, sendo ela: “Não fazer um filme biográfico e de não querer fazer um filme que desse conta inteiramente da vida de Clementina de Jesus” e também: “Um filme que mergulha na Clementina como uma mulher negra e artista.”

No filme, fica transparente do início ao fim toda a identidade e personalidade de Clementina, que é sempre sorridente, natural e extremamente inspiradora, mesmo vivendo em tempos tão incertos como no qual se encontrava. Em uma das passagens do filme Clementina é questionada  do porquê em ter demorado tanto para virar cantora e com um sorriso ela fala: “Não tinha chegado a hora né minha filha? Não tinha chegado a hora.” Clementina é resistência.




Voltar

Edição 2023