Publicado em 04/10/2015

O segundo dia de Cine Encontro no Cine Odeon chegou ao fim com debate em torno de Mundo cão, longa-metragem de Marcos Jorge que tem por protagonista Santana (Babu Santana), um funcionário do departamento de Controle de Zoonoses de São Paulo que ganha a inimizade do bandido Nenê (Lázaro Ramos) após recolher e sacrificar seu cachorro.

Mediador da conversa, o jornalista Marcelo Cajueiro lembrou da relação do diretor Marcos Jorge com o Festival do Rio – seu filme de estreia, Estômago, foi premiado na edição de 2007 – e questionou o longo intervalo entre suas obras, apesar do sucesso alcançado por Estômago junto a público e crítica. O realizador esclareceu que tem por estratégia trabalhar sempre com dois projetos paralelos, dadas as dificuldades de produção no Brasil, e lembrou que lançou O duelo no início deste ano.

Declaradamente fascinado por obras de suspense, Marcos Jorge revelou que sua intenção em Mundo cão era mesclar gêneros. “Todo filme que é bom tem uma pontinha de suspense. Minha aposta nesse filme, que é ousada, é misturar dois gêneros que parecem incompatíveis: a comédia e o suspense. É um desafio fazer rir sem perder o clima de tensão”, explicou.

O protagonista, Babu Santana, falou sobre a dificuldade de construir um personagem de tanta fragilidade, e ponderou que um grande choque em sua vida pessoal, o falecimento de sua mãe apenas quinze dias antes do início das filmagens, foi um fator crucial para que ele pudesse buscar em si esse estado de tamanha vulnerabilidade. “Eu quero dedicar esse meu trabalho à minha mãe”, declarou, emocionado.

Santana ressaltou ainda as qualidades dos outros membros do elenco, em especial a parceria estabelecida com Adriana Esteves, sua esposa na trama, e os jovens atores Thainá Duarte e Vini Carvalho, que interpretam os filhos do casal. “A Thainá é a nova musa do cinema brasileiro, e o Vini é tão verdadeiro que eu me emociono só de olhar para ele”, elogiou, citando também o trabalho de Lázaro Ramos: “É impressionante a força dele”.

Tanto o protagonista quanto Thainá Duarte lembraram da importância da preparação de elenco, de cerca de três meses, período em que mergulharam profundamente no universo dos seus personagens. Santana se dedicou a aprender bateria, enquanto Duarte conviveu com jovens deficientes auditivos, treinando para ser capaz de se comunicar através de uma linguagem corporal não verbal.

Com relação ao lançamento comercial do filme falaram as produtoras Iafa Britz e Cláudia da Natividade, enaltecendo a importância de parceiros como a Globo Filmes e a Paramount Pictures, e informando que o longa chegará aos cinemas em março de 2016. Ambas concordaram que o filme tem os elementos necessários para ser bem-sucedido em termos de bilheteria, apesar de não seguir o modelo comercial mais rentável no momento brasileiro atual. A esse respeito, o diretor Marcos Jorge expôs suas intenções: “Eu faço cinema para o público, mas sem subestimá-lo”, arrematou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Natália Alvim




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