Publicado em 08/10/2016

Um homem mata sua mulher na noite de núpcias ao descobrir que ela não era virgem. Parece um enredo do século XIX? Mas se passa no Brasil do século XX. Este é o começo da trama de um dos clássicos do cinema brasileiro na década de 1930. O filme dirigido por Humberto Mauro em 1933, Ganga Bruta, foi aclamado por críticos e por cineastas, por sua estética revolucionária. E agora tem uma cópia restaurada sendo exibida hoje, às 18h, no Instituto Moreira Salles. A sessão de hoje será apresentada pela diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago. E faz uma homenagem especial a dois grandes críticos brasileiros, Paulo Emilio Salles Gomes e José Carlos Avellar. A exibição do filme será seguida pelo lançamento do livro Pai País, Mãe Pátria, de José Carlos Avellar. 

Humberto Mauro (1897-1983) é um dos heróis de Glauber Rocha, que o considerava um dos mestres que inspiraram a estética de corte do Cinema Novo na década de 1960. Glauber transpira admiração pelos filmes de Humberto Mauro no livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro. Ele chegou a listar Ganga Bruta um dos 20 melhores filmes da história do cinema e chamava Humberto Mauro de "pai do cinema brasileiro". A estética dos filmes de Mauro, com cortes rápidos, flashbacks e enredos de violência e sexualidade à flor da pele inspirou toda a geração de cinemanovistas, de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade.

Por isto, há muito tempo que o cinema brasileiro devia uma reestreia em grande estilo, com cópias restauradas, na obra de Mauro, que trabalhou entre 1925 e 1974 e dirigiu 13 filmes. A exibição de Ganga Bruta na programação do Festival do Rio 2016 é um marco no trabalho de recuperação de obras primas do cinema brasileiro, permitindo a novas gerações conhecer um momento fundamental da história do audiovisual no Brasil. 

GANGA BRUTA, de Humberto Mauro

Em sua noite de núpcias, Marcos mata a esposa ao descobrir que ela não era virgem. O escândalo repercute, mas ele é absolvido. Muda-se para Guaraíba, onde dirige as construções de uma fábrica, auxiliado por Décio, que vive com sua mãe paralítica, e Sônia, sua irmã de criação. Sônia se interessa por Marcos, mas Décio, que a ama platonicamente, teme que algo aconteça entre os dois. Marcos ainda vive atormentado pelas recordações de seu noivado com a esposa que assassinara. Um retrato da vida brasileira nos anos 1930, onde predominam a sensualidade, a repressão sexual e a violência urbana.

http://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/ganga-bruta




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