Publicado em 04/10/2013

O Cine Encontro desta sexta-feira (04) trouxe como um de seus destaques o documentário A farra do circo, de Roberto Berliner e Pedro Bronz, que reconstitui a fundação e os primeiros anos do Circo Voador, tradicional espaço cultural da cidade do Rio de Janeiro.

Berliner discutiu a gênese do projeto, que resgatou uma pequena porcentagem das muitas imagens produzidas por ele em VHS nos anos 1980, quando se envolveu intensamente com o espaço cultural retratado na narrativa. O diretor contou que à época tinha total consciência da relevância do material que estava produzindo, mas não conseguiu antever o resultado final até recuperar as imagens e produzir o filme em questão. Para Berliner, o documentário é o testemunho de uma geração muito ativa culturalmente. “A nossa geração vivia o que fazia”, comentou.

Pedro Bronz, que codirigiu e editou o filme, explicou que foram filmadas algumas entrevistas, mas que os realizadores optaram por construir uma narrativa apenas com as imagens de arquivo, a fim de suscitar uma imersão mais completa naquele universo.

O produtor Rodrigo Letier comentou o difícil trabalho de licenciamento que teve que enfrentar, abordando também os muitos entraves da legislação brasileira nesse sentido.

A mediadora, a jornalista e crítica de cinema Susana Schild, apontou o caráter nostálgico da obra. Perfeito Fortuna, idealizador do Circo Voador e um dos personagens do documentário, declarou-se avesso ao saudosismo, colocando que no passado as possibilidades de ação eram muito menores, já que não havia patrocínios possíveis e o país ainda atravessava uma ditadura. Fortuna comentou ainda sua emoção ao reencontrar sua juventude em A farra do circo. “Eu devia ganhar o prêmio de melhor ator de documentário, meu personagem é danado”, afirmou, para em seguida completar, agradecendo aos diretores: “Vocês me deram uma nova vida”.

Todos os componentes da mesa ressaltaram a feição inovadora do movimento cultural que criou o Circo Voador, sublinhando o papel do filme como documento dessa geração. Entre as muitas ideias inspiradas da época, Fortuna destacou mais uma: “A gente fundou o Baixo Gávea”, declarou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Viviane Laprovita




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