Publicado em 04/10/2013

O segundo debate da quinta-feira (03) na Sede do Festival se dedicou ao filme Quase samba, longa-metragem de estreia de Ricardo Targino, conversa que contou com a mediação do jornalista Chico Otávio.

Otávio e a produtora, Vânia Catani, lembraram que a obra é talvez o primeiro filme a tematizar o fenômeno recente das manifestações de rua no Brasil. A esse respeito, o diretor, que se disse integrante do grupo Black Bloc, declarou seu apoio aos protestos e falou da importância de incorporá-los à história.

Targino e o diretor de arte, Cedric Avelini, explicaram ainda que a intenção era criar um universo de fábula, lúdico, e revelaram que os musicais foram uma inspiração constante. “Os musicais são um lugar de esperança”, opinou o realizador, que destacou ainda o papel do compositor Pupillo, responsável pela trilha original do filme, na construção dessa narrativa costurada por canções. Ressaltou ainda a participação do músico Arnaldo Antunes, que fez uma locução para a obra, além de ter composto (ao lado da cantora Céu) uma canção especialmente para Quase samba.

Os atores Mariene de Castro e Cadu Fávero falaram do caráter feminino do filme e das questões de gênero abordadas na obra. “Eu me sinto muito feminino”, colocou Fávero, ao que o diretor completou: “O feminino é um gênero cinematográfico”.  

Castro, protagonista da trama, contou que sua gravidez foi incorporada à personagem para que as filmagens não tivessem que ser adiadas, e definiu o processo como um “desafio maravilhoso”. Nesse ponto, a produtora Vânia Catani apressou-se em inventariar os potenciais problemas implicados na decisão de filmar com uma atriz grávida de oito meses. “Eu era contra, mas deu tudo certo”, disse.

Catani elogiou ainda o trabalho do músico Otto, que surge no filme em um dos seus poucos papéis no cinema. “Ele é que nem o Sean Penn, é impressionante. Essa é uma nova carreira para ele”, afirmou.

Para finalizar, Targino discutiu a necessidade de democratizar o acesso à cultura no Brasil, e manifestou o desejo de disponibilizar o filme para cineclubes. “O filme é público”, sentenciou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Txai Costa




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