Publicado em 13/12/2019

O documentário “Minha Fortaleza, os Filhos de Fulano” aborda uma questão recorrente no Brasil: a dos filhos de mães sem pais. O debate sobre o filme, que abriu a última quarta-feira (12/12/19) no Cinema Odeon, iniciou-se com a mediadora Debora Rocha dividindo sua grande identificação com o filme, já que criou três filhos com a ajuda de sua mãe. 

Durante o a conversa estiveram presentes a diretora Tatiana Lohman, a produtora Rachel Monteiro, os personagens Fernando e Júnior, bem como suas mães Dona Vera e Dona Edith. O documentário foi realizado a partir de uma história que veio até Tatiana quando conheceu Fernando num set de filmagem: o rapaz iria tatuar o rosto de sua mãe no peito e queria registrar o processo para que a cena fizesse parte de um videoclipe seu. 

A tatuagem aparece em “Minha Fortaleza, os Filhos de Fulano” junto a diversas outras artes expostas em corpos masculinos, homenageando suas mães. Fernando declarou que, diante da inspiração vinda de Dona Edith, o melhor a ser feito é carregar a mãe no peito. Edith ficou tão feliz de ter sido eternizada na pele do filho que relata uma mudança de postura, até então contrária ao uso de tatuagens. Para Fernando, foi um sonho realizado ver sua história retratada num filme sobre a guerra de mulheres que suprem as carências do Estado e criam filhos que contrariam as estatísticas: pretos, pobres, de periferia, que hoje são cidadãos formados e pais de família.

Tatiana provocou os personagens de seu filme ao perguntar se o fato dos meninos terem se tornado os “homens da casa” dificultou que as mães tivessem outros relacionamentos. Júnior prontamente respondeu que sim: eles não desejam que as mães sofram novamente pelo abuso de homens. Concordando, Fernando coloca que Edith nunca precisou de outro homem para suprir as necessidades do lar. 

Dona Vera não critica essa posição, mas pontua que elas querem ter algum companheiro para conversar, espairecer. Ainda, contou que já fez diversas coisas na vida que, às vezes, as pessoas nem acreditam. Enquanto Vera falava, Fernando a olhava com emoção e um sorriso admirado: afinal, ali podia ver também sua mãe. No espaço do debate deparamo-nos com diversas mães brasileiras que – como mostra o documentário – movem, sozinhas, montanhas para criar fortalezas.

Por: Marina Martins

Foto: Mariana Franco




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