Publicado em 07/10/2013

O documentário discutido na Sede do Festival ontem (domingo, 06) foi o longa A gente, de Aly Muritiba, que retrata o dia a dia de agentes penitenciários. O mediador, o jornalista Luiz Carlos Merten, lembrou que o filme faz parte de uma trilogia do diretor sobre o universo carcerário, que conta ainda com os filmes A fábrica e Pátio (este último vencedor do festival É Tudo Verdade deste ano).

O realizador explicou que a intenção deste mais recente trabalho era dar visibilidade aos agentes prisionais, cujo duro cotidiano profissional é desconhecido por grande parte das pessoas, e mostrar como as amarras da burocracia estatal impedem que esses homens e mulheres consigam exercer suas funções de maneira apropriada. Muritiba revelou também que desempenhou o papel de agente penitenciário durante alguns anos, e que permaneceu nessa ocupação durante o período das filmagens. “Eu saí da cadeia, mas a cadeia não saiu de mim”, comentou sobre a experiência, informando ainda que trabalhou sozinho em longos períodos das gravações, contando com uma equipe reduzida apenas eventualmente.

O produtor Antônio Junior relatou ter conhecido Muritiba quando ambos eram estudantes de Cinema, e ressaltou as afinidades dessa longa parceria. Jefferson Walkiu, protagonista do documentário, sublinhou o fato de que Muritiba procurou não interferir em seu processo de trabalho e abordou a necessidade de se criar políticas de (re)inserção dos ex-detentos na sociedade. Walkiu, que trabalha há sete anos nesse universo, salientou a relevância da iniciativa: “Este projeto é importante. Nós hoje vivemos dificuldades muito grandes com relação à questão prisional”, declarou.

Texto: Maria Caú

Fotos: Viviane Laprovita




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