Publicado em 09/10/2022

O primeiro debate da Première Brasil reuniu no palco do Cine Odeon – CCLSR, na tarde deste sábado (08), a equipe do documentário Fausto Fawcett na Cabeça. Mediada pela professora da UFRJ Ivana Bentes, a conversa contou com a participação do diretor Victor Lopes, do produtor Roberto Berliner e do personagem central do filme, o cantor, compositor e escritor carioca Fausto Fawcett.

Berliner começou revelando que o projeto é bastante antigo e surgiu em 1981, quando conheceu o músico no grupo teatral dirigido por Hamilton Vaz Pereira e virou seu fã. Desde essa época ele filmava o artista em Super-8 e VHS, mas empacava na dificuldade em entender como transformar a quantidade absurda de informações de Fausto em linguagem cinematográfica.

Eles chegaram a planejar uma ficção chamada Copacabana Hong Kong, mas, em determinado momento, o produtor percebeu que o documentário deveria ser sobre a “cabeça maravilhosa do Fausto”. “É uma grande honra e um grande prazer poder fazer filmes como esse, sobre pessoas que nos ensinam tanto”, comentou Berliner.

Convidado pelo produtor para assumir a direção, Victor Lopes explicou que não queria fazer um filme underground, nem de arquivo, e que tem achado a reação dos espectadores mais jovens muito instigante, mesmo sem a influência da memória afetiva. Para ele, o longa traduz a vitalidade dos anos 1980 e é a sobreposição de várias épocas.

O grande homenageado da obra e da sessão, autor do clássico Kátia Flávia, lembrou que todas as coisas começaram com sua observação dos anos 1970. Anos de chumbo, pancadaria mental e bigorna do fim do mundo sobre as pessoas. Mencionando o conceito de “sonhadores vs pesadelores”, de Millôr Fernandes, ele afirmou que a vitalidade da palavra “pesadelo” sempre o interessou artisticamente e a negatividade é o seu assunto invariavelmente.

Fausto ainda comentou sobre o encontro, na época de infância, que instalou sua obsessão pelas musas loiras, e disse que é muito emocionante finalmente conseguir realizar o filme com Victor e Roberto. “Mais do que tudo, falei de despacho, mas que seja um documento sobre o que a gente tá vivendo ou viveu; uma tentativa disso, [que] encaixa com aquela imagem da mensagem na garrafa jogada no mar, que alguém vai ver depois”, finalizou Fawcett.


Texto: Taiani Mendes

Foto: Francisco Ferraz



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