Publicado em 03/10/2023

O cinema de gênero e filmes com narrativas ousadas que não tem medo de enfrentar tabus convergem na tradicional mostra Midnight Movies do Festival do Rio. Neste ano, a seleção de filmes apresenta produções exibidas e premiadas nos festivais de Cannes e Berlim, além de produções disruptivas do cinema nacional lançadas nos anos 1970 e um clássico do cinema independente norte-americano que ditou tendências em Hollywood e impactou muito do que foi produzido no cinema de terror produzido da década de 1980.

Entre os destaques da mostra está Augúrio, vencedor do Prêmio New Voice da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes 2023 e produção selecionada pela Bélgica para disputar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme internacional. Com direção de Baloji, músico e cineasta belga de origem congolesa, a trama aborda a questão da diáspora africana com a história de um homem que busca reencontrar suas origens no continente africano.

A diversidade de gêneros é marca da mostra, que conta ainda com o drama histórico japonês repleto de ação Kubi, de Takeshi Kitano; a comédia zumbi francesa Corta!, de Michel Hazanavicius; o terror Não Abra!, de Bishal Dutta; e o drama biográfico Sêneca - A Respeito dos Terremotos, dirigido por Robert Schwentke e estrelado por John Malkovich.

Produções subversivas do cinema brasileiro setentista, como A Super Fêmea (1973), um dos marcos da pornochanchada estrelado por Vera Fischer e dirigido por Aníbal Massaini Neto, e o pioneiro Os Homens Que Eu Tive (1973), filme dirigido por Teresa Trautman que pauta a liberdade sexual feminina e chegou a ser censurado pela Ditadura Militar.

Fazendo jus ao nome da mostra e ao título do filme, o clássico do terror slasher Sexta-Feira 13 (1980), de Sean S. Cunningham, terá uma sessão única no Estação NET Botafogo às 23:59 do dia 13 de outubro, sexta.

Abaixo, confira a programação completa da mostra Midnight Movies do Festival do Rio 2023, que será realizado entre os dias 5 e 15 de outubro.

Augúrio, de Baloji

Acompanhando o retorno de Koffi à sua terra natal após ter sido banido pela família, Augúrio explora o peso das crenças sobre o destino de cada um através de quatro personagens. Acusados de bruxaria e feitiçaria, todos estão entrelaçados e guiam uns aos outros pela fantasmagoria da África. Vencedor do Prêmio New Voice da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes 2023.

Kokomo City: A Noite Trans de Nova York, de D. Smith

O filme apresenta as histórias de quatro profissionais do sexo trans e negras em Nova York e na Geórgia. A audácia dessas mulheres e a franqueza que compartilham complexificam a iniciativa, colidindo o cotidiano com comentários sociais incisivos e a escavação de verdades há muito tempo adormecidas. Sem filtros, descaradas e sem remorso, Smith e suas personagens destroem o padrão da autenticidade, oferecendo crueza revigorante e vulnerabilidade despreocupada com pureza e boas maneiras. Premiado em Sundance e na mostra Panorama no Festival de Berlim 2023.

Sêneca - A Respeito dos Terremotos, de Robert Schwentke


O ano é 65 d.C., em Roma. O filósofo Sêneca foi mentor e conselheiro íntimo do imperador Nero desde a infância e esteve envolvido em sua ascensão. No entanto, Nero fica cansado de Sêneca e usa um atentado frustrado contra a sua vida para acusá-lo falsamente. Enquanto dá uma festa, o filósofo recebe sua surpreendente sentença de morte. Pela manhã deverá estar morto. Esta última noite se torna seu teste final: quem é ele? Um oportunista, hipócrita e colaborador? Ou um homem moralmente correto e sábio, capaz de encarar a morte sem medo? Exibido no Festival de Berlim 2023.

Uma Claustrocinefilia, de Alessandro Aniballi

Um cinéfilo, Alessandro Aniballi, se refugia no cinema do passado, tentando entender como essa obsessão nasceu nele. Usando o computador, Aniballi tenta reconstruir seu mundo interior, composto de memórias pessoais, mas sobretudo de imagens icônicas de filmes, através das quais ele busca um sentido para sua existência.

Kubi, de Takeshi Kitano

Com o objetivo de controlar o Japão, o Lorde Nobunaga Oda se envolve em duras batalhas contra os exércitos Mouri, Takeda e Uesugi, encarando ainda as forças dos templos e santuários em Kyoto. Enquanto isso, seu vassalo Araki Murashige incita uma rebelião e desaparece. Nobunaga reúne os outros vassalos e ordena que procurem Murashige em troca de sua herança. Hideyoshi, junto com o irmão Hidenaga e o estrategista militar Kanbei Kuroda, elabora um plano e pretende aproveitar a desordem para tomar o poder. Exibido no Festival de Cannes 2023.

Cobweb, de Kim Jee-Woon

Após uma estreia bem-sucedida, o diretor Kim sofre ataques mordazes dos críticos na Coreia dos anos 1970. Ao terminar mais um longa, ele tem sonhos vívidos com um final alternativo durante vários dias. Sentindo que essas cenas podem transformar seu filme em uma obra-prima, Kim luta por dois dias de filmagem adicional. O roteiro reescrito, no entanto, não passa pela censura, e os atores não conseguem entender o novo encerramento. No meio de tanta confusão, o cineasta nota que está prestes a enlouquecer, mas continua em frente... Exibido no Festival de Cannes 2023.

Não Abra!, de Bishal Dutta

Sam, uma adolescente que lida com os conflitos entre sua origem indiana e a vida nos EUA, acidentalmente liberta uma antiga entidade demoníaca de um jarro que jamais deveria ter sido aberto. À medida que o mal se alimenta dos seus piores medos, Sam precisará desvendar segredos ancestrais para tentar salvar sua vida e a de todos ao seu redor. Dos mesmos produtores de Corra! (2017).

O Auge do Humano 3, de Eduardo "Teddy" Williams

Diferentes grupos de amigos perambulam em um mundo chuvoso, ventoso e sombrio. Eles passam o tempo juntos, tentando fugir de seus trabalhos deprimentes, vagando constantemente em direção ao mistério das novas possibilidades. Exibido no Festival de Locarno 2023.

Corta!, de Michel Hazanavicius


Em um prédio abandonado, um filme de zumbi de baixo orçamento está ruindo durante as gravações. O diretor abusivo já anda testando os limites do elenco e da equipe com seu comportamento desagradável, quando revela seu plano especial para injetar energia e emoção no projeto: liberar uma maldição zumbi de verdade. Em um frenético plano-sequência em que pedaços de corpos e fluidos voam, os atores lutam contra os mortos-vivos e contra o diretor pela sobrevivência — antes que o filme chegue a uma conclusão chocante. Filme de abertura do Festival de Cannes 2022.

Doente de Mim Mesma, de Kristoffer Borgli

Signe e Thomas têm um relacionamento competitivo e pouco saudável, que toma um rumo perigoso quando Signe se sente ofuscada pela ascensão do namorado à fama como artista contemporâneo. Em resposta, ela cria um plano doentio e perverso para recuperar a atenção que acredita merecer dentro da elite cultural e social da Noruega. Exibido na mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes 2022.

A Super Fêmea, de Aníbal Massaini Neto

Um laboratório de produtos farmacêuticos traz para o Brasil a pílula anticoncepcional para homens. Para o lançamento, contrata os serviços de uma agência de propaganda, que descobre que 83% dos consumidores em potencial temem que o produto diminua a virilidade. Buscando reverter essa ideia, a empresa recorre ao seu melhor redator, que se apoia em três mitos fundamentais — a mulher, o jogo e o café — para promover uma mulher-mito, Eva (Vera Fischer).

Os Homens que Eu Tive, de Tereza Trautman

Pitty e Dode estão juntos há quatro anos e mantêm um relacionamento aberto em que relações extraconjugais são plenamente aceitas com consentimento mútuo. Ainda assim insatisfeita, Pitty afasta-se de Dode para trilhar seu próprio caminho.

Sexta-Feira 13, de Sean S. Cunningham

Você vai desejar que tivesse sido apenas um pesadelo... Quando um acampamento de verão no idílico Crystal Lake reabre 25 anos após o trágico afogamento de um menino chamado Jason, a floresta é preenchida pelos gritos felizes dos jovens campistas e pelos encontros furtivos dos conselheiros libidinosos. Porém, quando uma violenta tempestade isola o lago, os conselheiros são terrivelmente assassinados um a um, neste filme que foi o precursor do horror moderno.

The Kingdom, de Lars Von Trier e Morten Arnfred

Coisas estranhas estão acontecendo nas profundezas de um hospital dinamarquês. O espírito angustiado de uma menina pode ser ouvido chorando no poço dos elevadores, ao mesmo tempo que uma ambulância fantasma percorre as ruas de Copenhague todas as noites. Sociedades secretas se reúnem no portão e os funcionários da equipe ficam nas alas ordinárias, tão absortos em suas reclamações insignificantes que permanecem alheios ao despertar maligno que está prestes a ocorrer no local.

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O Festival do Rio é apresentado pelo Ministério da Cultura, Shell e Prefeitura do Rio. Tem patrocínio master da Shell através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio especial da Prefeitura do Rio – por meio da RioFilme, órgão que integra a Secretaria Municipal de Cultura e apoio FIRJAN. Realização: Cinema do Rio e Ministério da Cultura / Governo Federal.



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Edição 2023