Publicado em 11/10/2023

Uma noite para celebrar o cinema brasileiro por meio da vida e da obra de um dos seus maiores nomes: Nelson Pereira dos Santos (1928-2018). Nesta terça-feira, uma legião de cinéfilos, amigos, familiares e colegas de trabalho do cineasta lotou o Estação Botafogo 1 para a primeira exibição nacional do documentário de Aída Marques e Ivelise Ferreira. Depois de passar pela mostra Cannes Classics no Festival de Cannes 2023, “Nelson Pereira dos Santos – Uma Vida de Cinema”, foi exibido como parte da mostra Retratos da Première Brasil do Festival do Rio.

No longa-metragem, vê-se sua íntima relação com o cinema desde o nascimento. Filho de um cinéfilo, Nelson é batizado com o nome de um almirante do clássico mudo “The Divine Lady” (1929), de Frank Lloyd. E ainda bebê, acompanhava a família em maratonas de filmes aos domingos, no cine-teatro Colombo, no Brás (São Paulo).

Depois de se formar em Direito, Nelson Pereira dos Santos resolve trabalhar com cinema, profissão que por um tempo alternou com a de jornalista. É o próprio que conta sua trajetória, em diferentes fases de sua vida, por meio de vídeos de acervo, garimpados de mais de 80 horas de gravações originais.

O documentário se aprofunda nos bastidores de seus principais filmes como “Rio, 40 Graus” (1955), que chegou a ser censurado; “Rio Zona Norte” (1956), inspirado na vida de Zé Keti e primeiro papel fora das chanchadas de Grande Otelo; além de produções baseadas em obras literárias de escritores nacionais: “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere” (Graciliano Ramos), “Boca de Ouro” (Nelson Rodrigues), “Azyllo Muito Louco” (Machado de Assis), (1984), “A Terceira Margem do Rio” (Guimarães Rosa), “Tenda dos Milagres” e “Tenda dos Milagres” (Jorge Amado), “Raízes do Brasil” (Sérgio Buarque de Holanda) e “Casa Grande & Senzala" (Gilberto Freyre).

Precursor do Cinema Novo, Nelson foi, além de um diretor, um ideólogo e um pensador brasileiro. Criou o primeiro curso de cinema do país, na Universidade de Brasília – UNB, e fundou o curso de graduação em cinema da Universidade Fluminense – UFF. Foi o primeiro cineasta eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 2006. Em seu legado, é possível ver refletida a diversidade, beleza e potência da cultura e do povo brasileiro.

Sobre as diretoras:
Aída Marques é professora do curso de Cinema da UFF, montadora e cineasta com mais de 30 anos de carreira. Possui mestrado em Comunicação pela UFRJ e doutorado em Artes pela USP. Ivelise Ferreira iniciou sua carreira no CPCE-UnB, realizando documentários. Em 1991, trabalhou como assessora de Nelson Pereira dos Santos na criação do Polo de Cinema e Vídeo de Brasília. A partir disso, tornou-se sua assistente de direção e de produção em vários filmes.

Próxima sessão:
Sábado, 14/10, às 15:45 no Reserva Cultural Niterói 1 


Texto: Domi Valansi



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Edição 2023