Publicado em 17/12/2021


Lotação máxima na plateia e no palco no segundo debate da Première Brasil de quinta-feira, 16/12. Com moderação do historiador Atila Roque, Lucílio Jota, diretor do curta Tecido, sigilo, e Lázaro Ramos, responsável por Medida provisória, dialogaram com o público presente no Estação NET Botafogo. Além de Lázaro, a equipe de seu filme foi representada pela atriz Taís Araújo e pelos roteiristas Elisio Lopes Jr., Lusa Silvestre e Aldri Anunciação; além da advogada da produção, Mariana, convocada a explicar didaticamente o entrave com a Ancine que tem impossibilitado o lançamento da obra.

Estreando como diretor de cinema, Lázaro abre seu comentário falando do sonho como vitamina e a tentativa de olhar para o pesadelo com coragem e em busca de alternativas. Ele destaca a criação coletiva de Medida provisória, composto pelos desejos de cada pessoa envolvida na produção e recheado de easter eggs e homenagens. Segundo o cineasta, esse é o filme com maior quantidade de pretos na frente (cerca de 70) e atrás das câmeras na história do audiovisual nacional.

Lucílio Jota, também em seu primeiro trabalho como realizador com Tecido, sigilo - que, inclusive, tem a participação de Lázaro no elenco -, afirma que a proposta de seu filme é articular diálogo, não dar respostas ou mesmo acalanto. Já Medida provisória, de acordo com Lázaro, é o tempo todo uma convocação para a luta e daí vem sua narrativa assumidamente sedutora, que flerta com melodrama e comédia, apesar do assunto extremamente sério.

Aldri Anunciação, autor da peça em que o filme é baseado, "Namíbia, não!", diz que vê a arte como lugar do "despertar para a reflexão". Mesmo sendo roteirista do longa, ele revela que sempre que assiste percebe janelas novas de entendimento.

Responsável por interpretar uma "preta patrícia" na trama, Taís Araújo observa que a missão não é só prestar serviço e sim entregar entretenimento de qualidade, capaz de fazer rir, pensar, chorar, mobilizar politicamente e sensibilizar até quem nunca parou para pensar no assunto. 

Um dos roteiristas do longa de Lázaro, Elisio Lopes Jr. nota que Tecido, sigilo e Medida provisória falam de perseguição e ela precisa mesmo ser abordada em diferentes aspectos, porque seu volume não tem reduzido, ainda que a consciência esteja cada vez mais ampla.

Ao fim da conversa, que registrou participação emocionante das tias do anglo-brasileiro Alfred Enoch, protagonista de Medida provisória, Lázaro Ramos comenta o problema que envolve a distribuição do longa comercialmente nos cinemas: "Não vou responder se é burocracia ou censura, qualquer um dos dois é um entrave para a cultura. A gente precisa de agilidade, principalmente vindo depois do momento da pandemia, onde a arte sofreu muito neste país.".

Texto: Taiani Mendes
Foto: Frederico Arruda

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